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Fábricas da BRF se adaptam à era digital

Na estratégia da BRF, os projetos voltados à digitalização de processos nas granjas e sobretudo nas fábricas parecem os de maior potencial para ampliar a produtividade. Alessandro Bonorino, vice-presidente global de gente, serviços e tecnologia da empresa e Antonio Carlos Cesco, diretor global de TI evitam detalhar o investimento nas iniciativas, mas garantem que o volume é crescente. “Em 2020, aumentamos o investimento em tecnologia em 30%. Para 2021, vamos investir no mínimo 50% a mais”, diz o vice-presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Para o campo, uma das principais iniciativas na área de tecnologia foi o desenvolvimento do aplicativo de celular para que os granjeiros insiram indicadores como consumo de água, ração e ganho de peso dos frangos e suínos. Lançado no início do ano passado, o aplicativo já foi adotado por cerca de 80% dos mais 9,5 mil produtores integrados da BRF, diz Cesco.

“Antes desse aplicativo, você tinha que ligar para passar as informações ou [esperar] o veterinário pegar. Era um transtorno”, conta Jorge Ebeling, integrado da BRF em Rio Verde (GO) que cria cerca de 185 mil aves em oito galpões. Com o aplicativo, o histórico de produtividade dos lotes de frango pode ser facilmente obtido.

De acordo com o integrado, o aplicativo também dispara alertas para os criadores relatando a programação do envio de ração, facilitando a organização. Os produtores também podem sugerir melhorias, afirma Ebeling, que propôs a inclusão dos resultados do controle sanitário para detectar presença de salmonela no aplicativo da BRF.

Ao poucos, a empresa está ampliado as funcionalidades do aplicativo, como a criação de um módulo voltado aos veterinários que acompanham as granjas. No futuro, a tecnologia permitirá que a BRF possa ter estimativas mais precisas para projetar a produção futura de carnes suína e de frango. As granjas do futuro também contarão com sensores para acompanhar os indicadores em tempo real, e desvios de produtividade serão notados com uma rapidez hoje improvável.

Dentro das fábricas, a BRF também faz testes. Em Lucas do Rio Verde (MT), um dos principais complexos industriais, a área de TI instalou rede de Wifi por toda a unidade. Com isso, diz Cesco, “todos os dados importantes de eficiência e produtividade”, como o rendimento da carcaça do frango, podem ser inseridos pelos gerentes da linha a partir de celulares. Até o fim de 2021, todas as fábricas da BRF serão dotadas de Wifi nas diferentes etapas da produção.

Um outro modelo, mais avançado, é testado pela BRF nas unidades de Marau (RS) e Buriti Alegre (GO). Nesses casos, os indicadores são captados automaticamente por sensores. A previsão de Cesco é que esses testes sejam concluídos até o segundo trimestre de 2021.

Foto: reprodução