A startup chilena NotCo, conhecida no Brasil pela maionese NotMayo, comercializada na rede Pão de Açúcar, anunciou recentemente o seu novo presidente para o Brasil, o executivo Luiz Augusto Silva. Ele terá como desafios montar a operação no país, ampliar o reconhecimento da marca, e mudar o hábito de consumo do brasileiro. Ele se diz otimista e já afirmou que sabe que vai “trabalhar muito.”
Agora, Silva, que até agosto liderava uma das unidades da Danone na Argentina, começa a expor qual será a estratégia da empresa para crescer no país.
Segundo o executivo, a NotCo pretende lançar, ainda este ano, dois novos produtos livres de qualquer ingrediente de origem animal. De acordo com Silva, a startup terá “um leite vegetal, feito com repolho e abacaxi, e um sorvete feito à base deste NotMilk. Há outros planos na cartola para 2020, “mas ainda não abrimos quais são”, diz Silva.
O modelo de negócio da NotCo tem na sustentabilidade uma de suas principais premissas. A empresa usa tecnologia de ponta para produzir em escala alimentos com características nutricionais e de sabor muito similares às proporcionadas pelos ingredientes de origem animal, porém sem contar com estes componente composição.
A produção da NotMayo, por exemplo – feita à base de grão de bico e sem ovos -, gera um impacto ambiental muito menor do que o da maionese tradicional, pois demanda 83% menos água e gera 37% menos gás carbônico, segundo a empresa.
Isso é possível graças ao uso de algoritmos de inteligência artificial que analisam grandes volumes de dados para formular receitas de alimentos com características similares aos de origem animal em termos de sabor, textura, preenchimento de boca e densidade nutricional.
Giuseppe, como foi batizado o algoritmo que analisa as propriedades, sabores, nutrientes e demais características dos alimentos de base animal, é quem inicialmente recria as novas receitas à base de ingredientes vegetais.
Segundo a empresa, a inteligência artificial contribui para aumentar a eficiência e a velocidade no processo de desenvolvimento de produtos.
Desafios para expandir
Silva conta que tem dois anos para fazer a NotCo ser reconhecida nacionalmente, estar presente em pelo menos sete diferentes categorias de produtos e alcançar um faturamento na casa das centenas de milhões de reais.
O executivo já sabe que terá de superar algumas barreiras para fazer os planos acontecerem. Um dos desafios iniciais é mudar os hábitos alimentares de uma parcela dos consumidores, uma vez que eles estão fortemente ligados a questões emocionais e memórias afetivas de relações que ocorrem à mesa.
Segundo ele, no Brasil as pessoas estão acostumadas a comer produtos de origem animal. “Existe um gap no sentido de os produtos com base vegetal entregarem [na dieta do brasileiro].”
Outro desafio é o preço dos produtos de origem vegetal. Eles costumam ser mais caros quando comparados aos de origem animal, pois estão sujeitos a um regime tributário diferente, que acaba onerando sua produção.
No momento, Silva se concentra em montar a operação na NotCo no país. Para isso, é necessário armar uma cadeia de suprimentos para começar a produzir localmente. Os primeiros produtos vendidos, logo em maio, foram importados do Chile. Agora, no entanto, a empresa já fez a primeira venda para o mercado de food service com produção local. O produto foi a maionese.
No entanto, o executivo sabe que os brasileiros não são consumidores tão vorazes de maionese como no Chile (produto que é o carro chefe da empresa no país). Por isso, a aposta no lançamento do NotMilk.
Ao mesmo tempo que se concentra em estruturar a operação, Silva tem como desafio construir a marca da NotCo no Brasil. Um país de dimensões continentais, com diferentes perfis de consumidores, e que ainda não conhece a startup “com produtos veganos para todos os consumidores”.
Com informações do portal Startse
(Foto: reprodução)