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Influenza aviária revela fragilidade na defesa agropecuária

Crédito:Anffa Sindical

O registro do primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Brasil, detectado no município de Montenegro (RS), evidencia uma grave carência de investimentos em defesa agropecuária, já denunciada há anos pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). Trata-se da primeira ocorrência da doença em uma unidade produtora de aves comerciais no País e acende um alerta sobre a vulnerabilidade da estrutura brasileira para enfrentar riscos sanitários de alta complexidade. Neste momento de crise, é fundamental a ampliação do quadro de profissionais que estarão na linha de frente contra o vírus.

A influenza aviária é altamente contagiosa e tem impactos devastadores para a avicultura, setor no qual o Brasil se destaca mundialmente. Em 2024, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de carne de frango atingiram o recorde de 5,294 milhões de toneladas – 3% a mais que no ano anterior. A entrada da IAAP no circuito produtivo comercial pode provocar perdas econômicas severas, prejudicar a segurança dos alimentos e afetar diretamente a imagem sanitária brasileira no exterior.

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Diante do foco identificado, será necessário o acionamento de medidas previstas no plano de contingência para influenza aviária, como o isolamento da área afetada e o sacrifício sanitário de aves. Contudo, o Anffa Sindical alerta que o déficit de auditores fiscais federais agropecuários compromete a capacidade de resposta do Brasil frente ao risco de disseminação da doença.

Atualmente, o número de profissionais na ativa está muito abaixo do necessário para dar conta da crescente demanda, especialmente em um cenário de exportações em alta e intensificação do fluxo agropecuário. Por isso, o sindicato defende a convocação imediata dos aprovados no concurso público unificado realizado no ano passado incluindo os candidatos do cadastro reserva.

Além da força de trabalho, o Anffa Sindical reforça a necessidade de modernização da infraestrutura utilizada na defesa agropecuária, com a renovação da frota de veículos e a aquisição de novos equipamentos, essenciais para atuação em campo e para a resposta rápida a emergências sanitárias.

“O enfraquecimento da inspeção pública coloca em risco a reputação construída com tanto esforço ao longo de décadas e compromete a saúde da população. O Brasil precisa de uma defesa agropecuária forte, pública e estruturada para enfrentar os desafios sanitários que se impõem”, afirma o presidente da entidade, Janus Pablo Macedo.

Alerta

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as ações de contenção do foco já foram iniciadas, com o objetivo de erradicar a doença e preservar a capacidade produtiva do setor, assegurando o abastecimento interno e a segurança alimentar. No entanto, o sindicato alerta para um movimento preocupante por parte da pasta, que pretende transferir à iniciativa privada atividades que são de responsabilidade do Estado, como a inspeção ante mortem e post mortem de animais destinados ao abate. A questão se torna ainda mais preocupante neste momento.

A minuta da Portaria nº 1.275/2025, atualmente em consulta pública, prevê que frigoríficos possam contratar diretamente os médicos veterinários responsáveis por inspecioná-los – o que representa um grave conflito de interesses e compromete a credibilidade do sistema de controle sanitário nacional. Segundo o Anffa Sindical, a proposta, denunciada ao Ministério Público Federal (MPF) nesta semana, apresenta falhas e abre espaço para omissões, fraudes e perda de confiança nos produtos brasileiros no mercado internacional.

“Sabemos que o prejuízo financeiro às granjas será imenso, mas é preciso agir com rigor e eficiência. O controle sanitário deve ser conduzido por servidores de carreira, com estabilidade e prerrogativas para atuar em defesa da sociedade, da saúde pública e dos interesses do País — e não apenas das empresas. É urgente ampliar o efetivo para garantir uma atuação adequada”, afirma Macedo.

Apesar das limitações impostas pela falta de investimentos, o Anffa Sindical destaca que os auditores fiscais federais agropecuários seguem atuando na linha de frente para conter a influenza aviária. Como sempre, os profissionais da carreira não medirão esforços para proteger a avicultura nacional, mas é imprescindível que o governo federal garanta as condições necessárias para um trabalho eficaz.


Fonte: Assessoria

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