FoodBiz

PUBLICIDADE

Brasil pode exportar até 90 milhões de toneladas de soja para a China

freepik

A intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos pode abrir ainda mais espaço para o Brasil no mercado internacional de soja. De acordo com estimativas de analistas consultados pela revista Exame, as exportações brasileiras para o país asiático podem chegar a 90 milhões de toneladas, um aumento expressivo frente às 75 milhões de toneladas embarcadas atualmente.

Oportunidade crescente para o Brasil

Em 2024, a China importou 105 milhões de toneladas de soja — sendo 71% provenientes do Brasil e apenas 21% dos Estados Unidos, segundo dados do TradeMap da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse movimento pode se acentuar com as novas tarifas impostas por ambos os países, após a volta de Donald Trump à presidência norte-americana e a retomada de uma postura mais agressiva em relação às importações chinesas.

Atualmente, a China é o principal destino da soja norte-americana, representando 52% das exportações do grão dos EUA. Com as tarifas subindo para até 145% nos produtos chineses e a retaliação por parte da China com taxas igualmente elevadas, o cenário torna-se ainda mais favorável para o produto brasileiro.

Segundo a Datagro Consultoria, “a nova tarifação chinesa compromete severamente as exportações de soja dos EUA, ao mesmo tempo em que aumenta a competitividade do produto brasileiro nesse mercado”.

Crescimento com desafios logísticos

Apesar do bom momento, o Brasil enfrenta desafios logísticos importantes. Com a intensificação das exportações, o tempo médio de carregamento nos portos tem aumentado significativamente — no Porto de Santos, por exemplo, saltou de 10,5 para 17,5 dias no intervalo de um ano. Esse gargalo pode afetar não só a competitividade brasileira no mercado internacional, como também comprometer o escoamento de outras safras, como o milho de inverno.

Além disso, há um alerta quanto ao foco excessivo na exportação do grão in natura. Para a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), isso pode comprometer o desenvolvimento da cadeia industrial de derivados de soja no país. Segundo André Nassar, presidente da entidade, “o Brasil pode perder valor agregado, empregos e oportunidades de fortalecimento da indústria nacional”.

Números recordes em 2025

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de soja do Brasil atingirá um recorde de 168 milhões de toneladas este ano. Em março, o país exportou 11,1 milhões de toneladas de soja para a China, representando 76% do total embarcado no mês — o maior volume já registrado para março.

A Bloomberg também destacou que processadores chineses intensificaram suas compras de soja brasileira, adquirindo pelo menos 40 carregamentos somente na primeira metade de uma semana recente. Para abril, a expectativa é de que a China importe cerca de 8 milhões de toneladas do grão, impulsionada pelo pico da colheita no Brasil.


Fonte: Revista Exame
Matéria adaptada para o blog IFB

Compartilhar