Em matéria publicada pelo NeoFeed, foi destacada a semelhança entre o processo de votação na assembleia geral extraordinária (AGE) da JBS e o que ocorreu recentemente com o Carrefour Brasil. Assim como a rede varejista, que promoveu uma AGE no fim de abril para deliberar sobre sua deslistagem da bolsa brasileira, a JBS também colocou em pauta uma decisão estratégica: a listagem de suas ações na Bolsa de Valores de Nova York.
De acordo com documento publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), até a manhã de quinta-feira, 22 de maio, os votos à distância indicavam um cenário equilibrado: pouco mais de 246 milhões de ações favoráveis contra cerca de 271 milhões contrárias. A diferença é pequena, especialmente considerando o universo de acionistas que ainda pode votar presencialmente.
Segundo apuração do NeoFeed, aproximadamente 70% dos acionistas minoritários já exerceram o direito ao voto remoto. Restam cerca de 30% que podem ter se inscrito para participar presencialmente da AGE, número não divulgado publicamente. Para aprovar a proposta, a JBS precisa conquistar menos de 12% dos votos dessas ações remanescentes — cerca de 25 milhões de papéis entre os 210 milhões ainda aptos a voto.
O bloco de controle da companhia, formado pela J&F, a diretoria e a BNDESPar, detém 1,48 bilhão de ações e se comprometeu a se abster da votação. Vale lembrar que há um acordo firmado entre a J&F e a BNDESPar, detentora de cerca de 20% do capital da JBS, para que o braço de participações do BNDES também não participe da deliberação.
Esta AGE representa o último passo necessário para que a JBS concretize sua listagem na bolsa americana. A Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, já aprovou o registro da companhia no dia 22 de abril.
O padrão observado na votação da JBS é semelhante ao que aconteceu com o Carrefour Brasil. Na ocasião, a deslistagem da operação brasileira para fusão com a matriz francesa foi aprovada com a chamada “virada presencial”. Embora apenas 32% dos votos à distância fossem favoráveis, a mobilização presencial garantiu a aprovação com 59% dos votos dos minoritários.
A JBS vem defendendo junto a investidores que a listagem nos Estados Unidos será um importante vetor de valorização, ao permitir acesso a uma base mais ampla de investidores institucionais internacionais. Atualmente, os múltiplos de mercado da JBS são significativamente inferiores aos de seus pares estrangeiros. Na B3, o EV/Ebitda da companhia está em 4,7 vezes, enquanto sua subsidiária americana Pilgrim’s é negociada a 6,4 vezes. Outros concorrentes globais, como Smithfield, Tyson e Hormel, são avaliados por múltiplos ainda mais elevados: 8, 8,4 e 12,1 vezes, respectivamente.
No mercado brasileiro, as ações da JBS (JBSS3) acumulam valorização de 13,4% no ano, conferindo à empresa um valor de mercado de R$ 93,3 bilhões.
Fonte: Neofeed