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Aumento de tarifas nos EUA pode encarecer alimentos enlatados

O preço de produtos enlatados como feijão, ervilha e pêssego pode subir nos Estados Unidos — e o motivo não está nos alimentos, mas nas latas.

As embalagens metálicas utilizadas para conservar alimentos dependem de um material específico: folhas de aço ultrafinas revestidas com estanho, conhecidas como tin-plate ou folha-de-flandres. Esse tipo de aço é essencial para garantir a segurança e a durabilidade dos alimentos enlatados, mas a produção local nos EUA não é suficiente para abastecer a demanda do setor.

Com a recente imposição de uma tarifa de 50% sobre o aço importado, a expectativa é que o custo dos enlatados aumente entre 9% e 15%, segundo o Wall Street Journal. A medida, anunciada em 4 de junho como parte da política de reindustrialização do ex-presidente Donald Trump, visa tornar o aço importado tão caro quanto o nacional, incentivando a compra interna. No entanto, empresas do setor alertam: não há capacidade instalada nos EUA para suprir a demanda atual por tin-plate.

Impactos para empresas e consumidores

Hoje, cerca de 75% do tin-plate utilizado nos Estados Unidos é importado da Europa e do Canadá. Em 2022, o país comprou quase 1,6 milhão de toneladas desse material — um aumento de 37% em relação a 2015. Com o novo cenário tarifário, os custos de produção das embalagens podem subir até 14%.

Grandes fabricantes como Campbell’s, Del Monte, Hormel e McCall Farms já sentem os efeitos da pressão inflacionária sobre os insumos e mão de obra. Thomas Hunter, copresidente da McCall Farms, alerta: “A maior preocupação é que os consumidores deixem de comprar vegetais enlatados porque ficaram caros demais”.

Da lata ao plástico?

Diante dos aumentos de custo e da dificuldade de acesso ao material adequado, parte da indústria considera migrar da lata para o plástico. A mudança, no entanto, pode trazer consequências significativas.

Segundo a Consumer Brands Association, até 20 mil empregos podem estar em risco caso a substituição das embalagens se acelere. Além disso, há preocupações sobre a adequação do aço americano feito com sucata, que não atenderia aos padrões técnicos exigidos para contato com alimentos.

“Estamos chegando ao limite com muitos clientes. Você acaba empurrando todos para o plástico”, afirmou Rick Huether, CEO da Independent Can Co.

O setor enlatado, tradicional e presente em milhões de lares norte-americanos, enfrenta agora um ponto de inflexão. As próximas decisões sobre tarifas, cadeia de suprimentos e inovação em embalagens podem redefinir o futuro de um dos formatos mais emblemáticos da indústria alimentícia.


Fonte: Exame

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