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Constellation diz que deportações está prejudicando as vendas da Corona e Modelo

Diante de um cenário desafiador no mercado de cervejas, a Constellation Brands tem adotado uma estratégia clara: ampliar o alcance da marca Modelo para além do seu público tradicional — o consumidor hispânico, onde já possui forte presença nos Estados Unidos.

“Nós aumentamos nossos investimentos em marketing, mesmo com a retração do consumidor, e estamos vendo retornos significativos para os nossos negócios”, afirmou Bill Newlands, CEO da empresa, durante conferência com investidores.

No entanto, a companhia ainda enfrenta pressões importantes. Segundo relatório do analista Robert Moskow, da TD Cowen, dados da Nielsen mostram que a taxa de compras das cervejas da Constellation entre consumidores hispânicos caiu entre 7% e 9% até o momento em 2025. Moskow destaca que fatores como incertezas ligadas à imigração e ao mercado de trabalho impactam diretamente esse público — e, por consequência, os resultados da companhia.

Dados internos compartilhados por Newlands reforçam a sensibilidade do momento: dois terços dos consumidores hispânicos estão preocupados com o custo dos alimentos e metade expressa receio quanto às políticas migratórias propostas por Donald Trump. Essas preocupações têm levado à redução de ocasiões sociais — um dos principais momentos de consumo de cerveja dentro desse grupo demográfico.

“A saúde da marca entre os consumidores hispânicos é uma prioridade. Precisamos observar uma melhora nesse cenário para conseguirmos projetar com mais precisão os próximos passos e a duração dos desafios que enfrentamos”, pontuou Newlands.

Diante dessas incertezas, a Constellation reviu para baixo sua projeção de crescimento de vendas no segmento de cervejas. A nova estimativa fica entre 0% e 3%, ante a previsão anterior de 7% a 9%.

No trimestre fiscal encerrado em fevereiro, a divisão de cervejas da empresa registrou estabilidade nas vendas líquidas, mas teve uma queda de 1,8% no volume de remessas, conforme apontado no relatório de resultados divulgado pela companhia.

Além da retração no consumo, a Constellation enfrenta outro desafio estratégico: sua elevada dependência de importações. Aproximadamente 85% da receita da empresa vem de produtos importados, o que a torna uma das marcas mais expostas a possíveis alterações tarifárias nas políticas comerciais dos Estados Unidos — especialmente em um contexto de retomada de medidas protecionistas sob a liderança de Trump.

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