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A disputa judicial por trás dos Flamin’ Hot Cheetos

Um dos sabores mais icônicos da indústria de snacks também protagonizou uma das disputas mais curiosas do setor: os Flamin’ Hot Cheetos. O caso envolveu a PepsiCo, sua divisão de salgadinhos Frito-Lay, e o ex-executivo Richard Montañez — figura conhecida por relatar, em palestras e livros, que teria sido o criador da versão apimentada do snack.

O embate chegou à Justiça dos Estados Unidos e teve desfecho recente. Em decisão divulgada no dia 28 de maio, o juiz John Holcomb rejeitou o processo por difamação movido por Montañez, alegando falta de provas de má-fé por parte da PepsiCo.

Da zeladoria ao palco

Montañez começou sua trajetória na Frito-Lay em 1976 como zelador. Com o tempo, ascendeu à posição de vice-presidente de marketing multicultural da PepsiCo, cargo que ocupou até sua aposentadoria, em 2019. Foi a partir desse momento que passou a se dedicar a palestras motivacionais, nas quais compartilhou a história de como teria criado os Flamin’ Hot Cheetos.

Segundo ele, a ideia surgiu no fim dos anos 1980, quando levou para casa alguns Cheetos sem tempero e testou sabores inspirados no elote, o tradicional milho mexicano com pimenta em pó. A versão picante do snack foi lançada oficialmente em 1992 e se tornou um sucesso comercial — hoje, uma marca bilionária.

Com seu carisma e narrativa inspiradora, Montañez chegou a cobrar entre US$ 10 mil e US$ 50 mil por palestra, realizando até 35 eventos por ano. Sua trajetória também inspirou o filme Flamin’ Hot, dirigido por Eva Longoria e lançado em 2023, além de dois livros autobiográficos.

Entre o mito e a realidade

A virada na história aconteceu em 2021, quando o jornal Los Angeles Times publicou uma reportagem que questionava a autoria de Montañez sobre os Flamin’ Hot Cheetos, classificando a narrativa como “lenda urbana”. A Frito-Lay, mencionada na matéria, inicialmente negou a participação do ex-executivo na criação do produto.

Com a repercussão negativa, a empresa voltou atrás, esclarecendo que suas declarações haviam sido mal interpretadas e que Montañez teve, sim, um papel importante no desenvolvimento de novos produtos, mesmo que não tenha sido o criador direto dos Flamin’ Hot.

O veredito

No processo, Montañez também alegou que a PepsiCo teria recusado participar de um documentário sobre sua vida caso fosse mantida a alegação de que ele criou o produto. No entanto, o juiz entendeu que não houve intenção de prejudicar sua reputação ou omitir deliberadamente a verdade — critério necessário para configurar difamação no sistema legal dos EUA.

Para Holcomb, Montañez se consolidou como uma figura da cultura popular, e a forma como compartilha sua trajetória se encaixa nesse espaço de representação simbólica.


Fonte: Exame

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