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O Renascimento do Vermute na Argentina

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O vermute parecia ser uma bebida do passado, relegada ao “cemitério” das bebidas alcoólicas, junto com a grapa e outros licores esquecidos. No entanto, entre 2017 e 2018, vários jovens produtores resgataram essa categoria, que desde então não para de crescer, especialmente na Argentina. O que antes era considerado um “boom do vermute”, agora é uma realidade consolidada: a bebida deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma opção alcoólica amplamente consumida e de sucesso.

De acordo com o International Wine and Spirits Report (IWSR), desde 2018, a Argentina tem mostrado crescimento no volume e consumo de vermute, alcançando uma produção de 7,3 milhões de litros em 2023. “A Argentina é o principal produtor na América Latina, superando o Brasil, que registrou uma produção de 4,5 milhões de litros no mesmo período”, afirmou Estefanía Jacobs, gerente de marketing da Campari. No ano passado, enquanto muitas categorias caíam cerca de 30%, o vermute cresceu 15%. A exportação também se consolidou, com presença no Uruguai, Estados Unidos, Suíça, México e Taiwan, como destaca Julián Varea, mestre destilador e criador de vermutes como Lunfa e Ajenjo.

Além dos números impressionantes, o vermute argentino também se destaca pela qualidade. A Drinks International escolheu La Fuerza como uma das dez marcas de vermute que ditam tendências no mundo, um feito histórico, pois é a primeira vez que uma marca latino-americana entra nesse ranking, tradicionalmente dominado por Itália e França.

O renascimento do vermute na Argentina tem várias razões. Em primeiro lugar, há um redescobrimento da bebida, impulsionado pela tradição do país como produtor de vinho, já que o vermute é composto por 75% de vinho. “As pessoas recorreram à memória afetiva e voltaram a incorporá-lo”, afirma Varea. Além disso, o gosto pelos amaros e bitters, profundamente enraizado na cultura argentina, tem ajudado a popularizar o vermute.

Este ressurgimento global do vermute também pode ser atribuído ao crescimento da demanda por licores artesanais de alta qualidade, com destaque para a produção de vermutes nos Estados Unidos no início dos anos 2000. Antes relegado ao segundo plano, o vermute vem sendo resgatado por pequenos produtores, como Lunfa e La Fuerza, que ajudaram a reavivar a bebida na Argentina.

Outro fator que contribui para esse renascimento é a tendência global por bebidas com menor teor alcoólico. O vermute, com teor alcoólico entre 14% e 22%, se destaca por ser uma alternativa mais suave quando comparado a outros destilados, como gim (40%) ou uísque (cerca de 50%). Essa característica torna o vermute ideal para consumo puro ou em misturas, especialmente quando combinado com água com gás.

A romantização do passado, um fenômeno cultural presente em diversas áreas, também desempenha um papel no retorno do vermute. O ato de “tomar um vermute” passou a ser visto como algo cool e nostálgico. Exemplo disso é a vinícola Familia Crotta, de Mendoza, que relançou seu vermute em 2024, inspirado na receita original de seu avô, que já produzia a bebida na década de 1950.

No Brasil, o vermute, tradicionalmente usado em coquetéis como Negroni, Dry Martini e Manhattan, tem ganhado mais popularidade nos últimos anos. Apesar de antes ser uma bebida pouco consumida, o vermute agora está em ascensão, acompanhando a média de crescimento mundial de 16%. Em 2024, o Wermute Dry, da catarinense Schluck Licores, foi eleito o melhor do mundo em sua categoria no World Drink Awards, consolidando a presença do vermute brasileiro no cenário internacional.

Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Forbes

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