FoodBiz

PUBLICIDADE

Novas alternativas do PAT para o supermercado e o consumo dos trabalhadores

FREEPIK

A escolha do tipo de voucher alimentação adotado pelos trabalhadores pode impactar diretamente os custos operacionais do canal supermercadista. Em um momento em que o governo estuda novas diretrizes para o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), a atenção se volta para os modelos de cartões utilizados — especialmente os chamados arranjos abertos, que vêm ganhando força como alternativa mais moderna e econômica.

O que são arranjos abertos e fechados?

Antes de aprofundarmos a discussão, vale esclarecer: os arranjos abertos funcionam por meio das tradicionais bandeiras de crédito, como Mastercard, Visa ou Elo, e permitem que o trabalhador utilize o benefício em qualquer estabelecimento que aceite essas formas de pagamento. Já os arranjos fechados restringem o uso dos cartões a uma rede de estabelecimentos credenciados, geralmente exigindo que o comerciante firme contrato com a operadora emissora do cartão.

Essa diferença é central para entender o impacto nos custos. Segundo Eduardo Ariel Grunewald, diretor de Serviços aos Supermercados e Relações Institucionais da APAS, os arranjos fechados podem cobrar taxas de retenção de até 6,5% — valor que pode ultrapassar os 10% quando somadas anuidades, prazos de repasse e taxas de antecipação. “O mercado evoluiu e hoje há opções mais modernas, com taxas equivalentes às dos cartões de crédito convencionais”, explica.

Vantagens operacionais e econômicas

Empresas como Swile, Flash, PicPay, Caju e Nicky operam no modelo de arranjo aberto e já estão aprovadas no PAT. A grande vantagem para os supermercados é que essas transações utilizam as mesmas maquininhas e condições já negociadas com as adquirentes de cartão de crédito. Ou seja, não há necessidade de novos contratos, equipamentos ou custos adicionais.

Além disso, supermercados que oferecem cartões alimentação aos seus próprios colaboradores estão adotando o modelo aberto. “Estamos incentivando empregadores, prefeituras e autarquias a migrarem para esse sistema. Hoje, há alternativas muito mais econômicas”, afirma Grunewald.

A experiência do varejista

Sérgio Reis da Silva, diretor regional da APAS Marília e proprietário do Supermercado São Francisco, relata que o sistema fechado concentra poder nas mãos de poucas empresas, que impõem altas taxas. “Com os arranjos abertos, usamos os contratos que já temos com as bandeiras, o que nos permite reduzir custos e, consequentemente, oferecer preços melhores aos consumidores”, explica. Ele também destaca a necessidade de regulamentação para garantir portabilidade e interoperabilidade, que já foram aprovadas, mas ainda não implementadas.

A visão dos emissores de benefícios

Júlio Brito, general manager da Swile no Brasil, reforça que o modelo aberto amplia a liberdade de escolha do trabalhador, permitindo o uso do cartão em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira correspondente. “Além disso, as taxas são mais baixas, o que beneficia o comerciante e o consumidor. Com menos custo de intermediação, sobra mais margem para o varejo alimentar”, destaca.

A Swile, que opera com bandeira Mastercard, defende que essa flexibilidade permite o uso mais amplo dos benefícios e contribui para a modernização do setor. Segundo Brito, o mercado de benefícios já não pode mais ser visto como algo engessado. “O arranjo aberto traz dinamismo, eficiência e economia para todos os envolvidos”, conclui.

Novas regras em pauta

As mudanças no PAT devem ganhar forma a partir de maio de 2025. O governo federal, por meio dos ministérios da Fazenda e do Trabalho, trabalha em um novo regulamento que pretende reduzir o MDR (taxa cobrada dos estabelecimentos pelas operadoras) e encurtar o prazo de repasse dos valores.

A ABRAS alerta que o atual modelo fechado está elevando os preços e prejudicando supermercados e consumidores. Segundo a entidade, quatro empresas — Alelo, Pluxee (ex-Sodexo), Ticket e VR Benefícios — concentram 80% do mercado, dificultando a concorrência e inflacionando o sistema.

O contraponto: visão da ABBT

A ABBT (Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador) defende os arranjos fechados, argumentando que eles garantem o cumprimento das exigências do PAT, como a destinação do vale exclusivamente para alimentos. A entidade também aponta um processo rigoroso de credenciamento dos estabelecimentos, que visa assegurar a qualidade da alimentação ofertada ao trabalhador.

Para a ABBT, a discussão sobre taxas deve ser separada da estrutura do PAT. A associação afirma que já apresentou ao Ministério da Fazenda uma proposta concreta para redução de até 30% nas taxas cobradas a pequenos estabelecimentos.


Fonte: Supervarejo

Compartilhar