Em um cenário de crescente incerteza sobre a Moratória da Soja e com críticas ao seu futuro, a Bunge, gigante global do agronegócio, intensifica seus esforços para garantir que toda sua cadeia de fornecimento seja livre de desmatamento até 2025. Com um histórico de mais de dez anos no compromisso com práticas responsáveis e rastreáveis, a empresa tem avançado de maneira significativa na sustentabilidade.
Rossano de Angelis Jr., vice-presidente de agronegócio da Bunge para a América do Sul, destacou a importância do monitoramento completo das cadeias diretas e indiretas de fornecimento, especialmente nas regiões prioritárias do Cerrado. “Este é um passo crucial na nossa jornada para alcançar cadeias de valor responsáveis. Não se trata apenas de expandir mercados ou aumentar vendas, mas de atender a uma demanda cada vez mais voltada para a sustentabilidade”, afirmou Angelis.
A empresa implementou um sistema de monitoramento que abrange mais de 19 mil fazendas e 27 milhões de hectares na América do Sul. Desde 2020, todas as compras diretas nas áreas prioritárias, como o Cerrado, têm sido 100% rastreadas e monitoradas. Além disso, 97,7% dos volumes adquiridos de fornecedores indiretos também são monitorados.
Em parceria com a tailandesa BKP, do grupo CP Foods, a Bunge está testando um sistema de rastreabilidade baseado em blockchain. O primeiro teste envolveu a exportação de 185 mil toneladas de farelo de soja livre de desmatamento para a Tailândia. “Acreditamos que a agricultura do futuro será de baixo carbono. Queremos apoiar os produtores e clientes nessa transição, enquanto seguimos avançando em nossas metas de descarbonização”, disse o executivo.
A Bunge também está expandindo seu programa de agricultura regenerativa, com investimentos de US$ 20 milhões. O objetivo é ampliar a área de cultivo regenerativo para 600 mil hectares até 2026, com a utilização de soja, milho, trigo e sementes de baixa emissão de carbono. O programa começou em 2023 com 250 mil hectares em vários estados, como Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Mato Grosso.
“O objetivo para 2024 era atingir 250 mil hectares, e já estamos com 345 mil. Queremos apoiar os agricultores para que aproveitem as oportunidades desse mercado crescente”, disse Angelis, destacando a expansão do projeto para mais estados, incluindo Pará, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
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Com a expectativa de uma safra recorde de soja no Brasil para a temporada 2024/25, a Bunge planeja investir na melhoria da eficiência operacional. A empresa já possui 70 silos no Brasil e adicionou novos armazéns em Goiás e Mato Grosso no final de 2023, além de expandir a capacidade de armazenamento na região Nordeste e Centro-Oeste.
No âmbito das parcerias estratégicas, a Bunge está formando uma joint-venture com a Zen-Noh para administrar o Terminal XXXIX, no Porto de Santos, após adquirir 50% das ações que pertenciam à Rumo. O terminal, com capacidade para movimentar até 8 milhões de toneladas de grãos e farelo por ano, tem se mostrado um ponto chave para as operações da empresa.
A Bunge também está otimista com os frutos da aquisição dos ativos de proteína concentrada de soja da CJ Selecta, concretizada no final de 2023 por R$ 1,8 bilhão. Internacionalmente, a compra da Viterra, no valor de US$ 34 bilhões, ainda aguarda aprovação regulatória, e a empresa espera que o negócio seja concluído em breve.
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