O balanço financeiro de 2024 da Heineken, divulgado nesta manhã, trouxe informações que merecem atenção, especialmente para a concorrente Ambev, que apresentará seus resultados no dia 26 deste mês. No Brasil, um dos maiores mercados do grupo Heineken, a marca Amstel teve um grande desempenho, ganhando espaço no competitivo mercado de cervejas mainstream — aquelas de maior volume de vendas.
A Amstel registrou um crescimento significativo em volume de vendas, marcando um aumento de dois dígitos altos e entrando para o seleto grupo das cinco principais marcas do Brasil. Nos últimos três anos, a marca dobrou seu volume de vendas, evidenciando a intensificação da disputa no setor.
No terceiro trimestre de 2024, a Ambev já havia sinalizado que a Skol, uma de suas principais marcas, estava sendo impactada pela guerra de preços, especialmente com a presença agressiva do Grupo Petrópolis e sua marca Itaipava. Os números mais recentes da Heineken apontam que a Brahma, outra grande marca da Ambev, também está sentindo o impacto dessa disputa.
Para a Heineken, o cenário é positivo: a participação das suas cervejas no mercado brasileiro cresceu em valor ao longo de 2024, impulsionada por um aumento nos volumes no segundo semestre, justamente quando a indústria como um todo mostrou um ritmo de crescimento mais moderado.
Com a Ambev liderando o mercado com 60% das vendas, é possível que a empresa sofra uma redução de participação nos próximos anos, dado o crescimento da Heineken. A receita do grupo Heineken no Brasil teve aumento de um dígito médio, com destaque para o 11º ano consecutivo de crescimento de dois dígitos no volume da marca Heineken.
Desempenho Global e Expectativas para 2025
Globalmente, a Heineken apresentou números que agradaram os investidores. As ações da cervejaria dispararam 12% após o anúncio de um crescimento no lucro operacional de 8,3%, superando as estimativas de analistas e da própria empresa. O CEO Dolf van den Brink destacou que os resultados sólidos e a expansão dos lucros em 2024 foram impulsionados pelo aumento da receita, que cresceu 5%, e pelo aumento do volume de cerveja, que se expandiu em todas as quatro regiões onde a Heineken opera, tanto em mercados desenvolvidos quanto emergentes.
O mercado global também reagiu positivamente ao anúncio de um programa de recompra de ações no valor de €1,5 bilhão (aproximadamente R$ 9 bilhões), que será executado ao longo dos próximos dois anos, como resultado de uma significativa redução da dívida da empresa e de um fluxo de caixa livre superior a €3 bilhões (R$ 18 bilhões).
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Marketing e Investimentos
O volume de vendas de cervejas premium, como a Heineken, cresceu 5,2% globalmente, com destaque para os mercados do Brasil, Vietnã, Índia, África do Sul e Reino Unido. As cervejas populares, como Amstel, Cruzcampo e Kingfisher, tiveram um aumento de 2% no volume de vendas.
A Heineken também investiu mais em marketing, com um aumento de €300 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) no quarto trimestre, focando especialmente em mercados emergentes como Brasil, México, África do Sul, Índia, Nigéria e Vietnã. A parceria com a Netflix para a divulgação da série sobre Ayrton Senna no Brasil, lançada no final de 2024, também foi um destaque na estratégia de marketing.
Projeções para 2025
Para 2025, a Heineken espera um crescimento do lucro operacional entre 4% e 8%. No entanto, o CEO Dolf van den Brink considerou os possíveis impactos das novas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações do México, onde a Heineken fabrica algumas cervejas para o mercado americano. Embora os EUA representem menos de 5% da receita global da Heineken, essa medida pode ter algum impacto no negócio.
Outro fator que preocupa o mercado são as novas tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados pelos Estados Unidos. No entanto, a Heineken acredita que não será diretamente afetada, já que a empresa importa suas latas prontas para o mercado americano.
Esta matéria foi baseada em informações divulgadas pela Exame.