O comércio eletrônico de alimentos e bebidas no Brasil vive um momento de franca expansão. Em 2024, o setor movimentou R$ 16 bilhões em vendas, um crescimento de 18,4% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Esse avanço expressivo não é pontual: ele vem consolidando uma transformação nos hábitos de consumo dos brasileiros e revela um cenário promissor para empresas do setor.
A digitalização da mesa brasileira
A pandemia de Covid-19 acelerou mudanças que já estavam em curso. Hoje, mais de 60% dos brasileiros compram alimentos pela internet, de acordo com a NielsenIQ. Mas o que antes parecia uma solução emergencial se tornou um novo padrão. Praticidade, rapidez e acesso a uma variedade maior de produtos explicam essa consolidação do e-commerce como canal de compra de alimentos e bebidas.
O crescimento de 18,4% em 2024 representa não apenas a continuidade do movimento observado em 2023 (quando o aumento foi de 15%), mas também o fortalecimento de uma nova lógica de consumo: mais conectada, personalizada e exigente.
Logística: o grande desafio do setor
Apesar das oportunidades, o setor enfrenta desafios importantes — e a logística está no topo da lista. Produtos perecíveis, bebidas e itens frescos exigem entregas ágeis e com controle de temperatura. Segundo a ABComm, 30% dos consumidores abandonam o carrinho devido ao prazo de entrega, o que reforça a urgência de soluções logísticas robustas e especializadas.
Além da entrega rápida, a embalagem também desempenha um papel fundamental: ela precisa garantir que o produto chegue em perfeito estado e preserve a experiência do consumidor. Parcerias com operadores logísticos e o uso de tecnologias de rastreamento e refrigeração são estratégias cada vez mais adotadas pelas empresas.
A força da personalização na jornada de compra
No e-commerce, entender o comportamento do consumidor é essencial — e é aqui que a personalização se torna um diferencial competitivo. Segundo a McKinsey, 71% dos consumidores esperam uma experiência personalizada, desde a recomendação de produtos até promoções e serviços sob medida.
Empresas que utilizam dados de consumo conseguem oferecer soluções mais assertivas, como sugestões com base em compras anteriores, campanhas segmentadas e até serviços de assinatura com curadoria personalizada. Essa adaptação da jornada de compra ao perfil do consumidor não só aumenta as vendas, como fortalece o relacionamento com a marca.
Sustentabilidade como critério de escolha
O consumidor brasileiro também está mais atento às práticas ambientais e sociais das marcas. A pesquisa da NielsenIQ mostra que 73% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Isso impulsiona a busca por alimentos orgânicos, veganos, com menor impacto ambiental e embalagens ecológicas.
As empresas que incorporam sustentabilidade em sua proposta de valor ganham vantagem competitiva — e essa preocupação deve se refletir em todas as etapas da operação, do desenvolvimento de produto à logística reversa.
Inovações tecnológicas e o papel das redes sociais
A tecnologia tem sido uma grande aliada do setor. Ferramentas de inteligência artificial ajudam na previsão de demanda, otimização de estoques e personalização de ofertas. Chatbots e assistentes virtuais também vêm ganhando espaço, oferecendo suporte em tempo real e melhorando a experiência do cliente.
Outro destaque é o avanço do social commerce — ou comércio social. As redes sociais, especialmente o Instagram e o TikTok, tornaram-se canais importantes de descoberta, engajamento e conversão. Dados da Nielsen indicam que 35% dos consumidores brasileiros já compram diretamente por essas plataformas. A interação com influenciadores e o conteúdo gerado por usuários criam um ambiente mais autêntico e próximo, fortalecendo o vínculo entre marcas e consumidores.
O que esperar do futuro?
As perspectivas para o e-commerce de alimentos e bebidas no Brasil são extremamente positivas. A ABComm projeta um crescimento anual médio de 15% até 2025. Esse avanço será impulsionado por tecnologias emergentes, estratégias de personalização e a demanda crescente por produtos mais éticos e sustentáveis.
Para empresas do setor, o recado é claro: investir em logística eficiente, construir experiências de compra personalizadas e estar atento às tendências de consumo é fundamental. Mais do que vender online, trata-se de oferecer conveniência, confiança e conexão — pilares essenciais para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela E-commerce Brasil