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O Sistema de Reciclagem de Alimentos da Coreia do Sul

Yuna Ku

No serviço coreano da BBC, Yuna Ku, jornalista residente em Seul, compartilha sua experiência com o sistema de reciclagem de resíduos alimentares da Coreia do Sul. Ela paga para reciclar seus restos de comida, que são depositados em máquinas equipadas com sensores localizadas em seu condomínio, que abriga cerca de 2.000 apartamentos. Embora o sistema de reciclagem de alimentos da Coreia do Sul possa parecer peculiar à primeira vista, ele se tornou um modelo mundial, com uma taxa de reciclagem impressionante de aproximadamente 97,5% dos resíduos alimentares, de acordo com dados de 2022.

Em contraste, países como os Estados Unidos, onde cerca de 60% dos resíduos alimentares são enviados para aterros sanitários, ainda enfrentam grandes desafios no manejo de desperdício de alimentos. A Coreia do Sul, com uma população densa e um rápido crescimento urbano desde os anos 1980, precisava urgentemente resolver o problema dos aterros. Isso resultou na criação de um sistema eficaz de reciclagem, que passou por várias mudanças ao longo das décadas, incluindo a proibição do descarte de restos de comida em aterros a partir de 2005.

O sistema atual, baseado na cobrança por peso dos resíduos alimentares, é uma das inovações que ajudaram a reduzir o desperdício. Yuna explica que, em seu condomínio, ela deposita seus resíduos em máquinas que pesam os restos e calculam o valor a ser pago, com base no peso do desperdício. Esse modelo visa aumentar a conscientização sobre o desperdício de alimentos e reduzir a quantidade de resíduos.

Além disso, o sistema inclui medidas rigorosas, como multas para quem descarta alimentos de forma inadequada, com valores que podem chegar a 70 dólares para residências e até 7.000 dólares para empresas. As campanhas educativas, associadas a multas e incentivos financeiros, foram cruciais para garantir a participação da população.

Porém, o sucesso da Coreia do Sul não é isento de desafios, como os riscos à saúde animal relacionados ao uso de restos de comida na produção de ração e a necessidade de melhorar a tecnologia para a produção de biogás. Mesmo assim, o país segue sendo um exemplo de como um sistema integrado de educação, regulação e incentivo pode transformar o manejo de resíduos alimentares.

A experiência sul-coreana, como destaca o professor Jae-Cheol Jang da Universidade Nacional de Gyeongsang, pode servir como inspiração para outros países que buscam melhorar sua gestão de resíduos. No entanto, a especialista da FAO, Rosa Rolle, adverte que políticas como essas devem ser adaptadas à realidade de cada país, levando em consideração fatores como segurança alimentar e contexto econômico.

A história da Coreia do Sul nos ensina que, com políticas públicas bem estruturadas e o engajamento da população, é possível reduzir significativamente o desperdício de alimentos e melhorar a sustentabilidade ambiental global.

Fonte: BBC

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