Pela primeira vez, uma cientista brasileira foi reconhecida com o prestigioso Prêmio Mundial de Alimentação, conhecido como o “Nobel da Agricultura”. A engenheira agrônoma e microbiologista Mariangela Hungria foi laureada em 2025 por suas contribuições pioneiras no desenvolvimento de soluções biológicas para uma agricultura mais sustentável.
Com mais de quatro décadas dedicadas à pesquisa na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Mariangela liderou estudos sobre o uso de bactérias do solo como alternativas naturais para o fornecimento de nutrientes às plantas. Esse trabalho reduziu significativamente a dependência de fertilizantes químicos, impulsionando práticas agrícolas mais ecológicas e eficientes.
Impacto global e transformação da agricultura brasileira
Os avanços promovidos por Hungria desempenharam um papel fundamental na transformação do Brasil em uma potência agrícola mundial, especialmente no cultivo da soja. Na década de 1980, a produção brasileira era de aproximadamente 15 milhões de toneladas. Atualmente, esse número supera os 170 milhões, consolidando o país como o maior produtor e exportador global da commodity.
A fundação responsável pelo prêmio estima que as tecnologias desenvolvidas por Hungria são aplicadas em mais de 40 milhões de hectares em território brasileiro. Essas inovações geram uma economia anual de até 40 bilhões de dólares e evitam a emissão de mais de 180 milhões de toneladas de CO₂ por ano, destacando o impacto positivo tanto na economia quanto no meio ambiente.
Liderança, ensino e inspiração para mulheres na ciência
Além de sua atuação como pesquisadora, Mariangela Hungria exerce um papel essencial na formação de novas gerações de cientistas. Ela é professora e orientadora de pós-graduação na Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde já orientou mais de 50 alunos ao longo de sua carreira.
Hungria também quebrou barreiras importantes: entre 2001 e 2003, foi a primeira mulher a presidir a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). O Prêmio Mundial de Alimentação reconhece, assim, não apenas sua excelência científica, mas também seu papel inspirador, especialmente para mulheres que buscam espaço e reconhecimento no meio científico.
O legado de Mariangela Hungria representa uma combinação exemplar de inovação, sustentabilidade e liderança, reforçando o protagonismo brasileiro na ciência agrícola e na busca por soluções que equilibram produção de alimentos e preservação ambiental.
Fonte: UOL Notícias