O agravamento da Influenza Aviária em diversos países tem impulsionado a procura pela carne de frango brasileira, de acordo com avaliação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A estabilidade sanitária do Brasil no setor tem posicionado o país como fornecedor essencial no mercado internacional.
As projeções da ABPA indicam que as exportações brasileiras de carne de frango devem atingir 5,4 milhões de toneladas em 2025, representando um crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior. Em janeiro, os embarques registraram alta de quase 10%, impulsionados pela maior demanda da China, União Europeia e Filipinas. A receita das exportações também apresentou avanço expressivo de 20,9%, superando o crescimento do volume embarcado. Para fevereiro, as projeções apontam embarques superiores a 450 mil toneladas.
No mercado interno, o consumo de carne de frango segue aquecido. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, destaca que a produção nacional deve chegar a 15,3 milhões de toneladas em 2025, um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. A disponibilidade interna está projetada para 9,9 milhões de toneladas, um crescimento de 2,1%. O consumo per capita também deve subir, alcançando 46 kg por habitante, um aumento de 2%.
Custos de Produção em Queda
O setor também tem se beneficiado de um cenário favorável em relação aos custos de produção, especialmente no farelo de soja. Com estoques mundiais elevados e a previsão de uma safra recorde no Brasil, acima de 170 milhões de toneladas, os preços do insumo estão em queda. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Ciências Aplicadas (CEPEA), os preços do farelo de soja em janeiro recuaram mais de 13% no Oeste do Paraná e ultrapassaram 20% em cidades do Rio Grande do Sul, como Ijuí e Passo Fundo.
O milho, outro insumo essencial para a produção de ração, também apresenta boas perspectivas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os estoques devem superar os registrados em 2024, com a produção total projetada acima de 130 milhões de toneladas. A boa colheita de soja deve permitir o plantio dentro do prazo ideal da segunda safra de milho, garantindo previsibilidade para os custos do setor.
Expansão da Influenza Aviária e Repercussões no Mercado Global
Desde o início do ano, mais de 34 países já registraram casos de Influenza Aviária, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil no setor, há mais de 60 focos ativos, além de dezenas de casos na Europa, em países como Reino Unido, Alemanha, Polônia e Países Baixos.
O surto da doença nos EUA tem impactado a oferta global de carne de frango. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), as exportações norte-americanas de carne de frango caíram 367 mil toneladas em 2024 em relação ao ano anterior, fechando o período com 3,3 milhões de toneladas embarcadas. A União Europeia, também afetada pela doença, viu suas exportações encolherem em comparação a quatro anos atrás.
Diante desse cenário, compradores têm buscado fornecedores com maior segurança sanitária, beneficiando o Brasil. O Congo, por exemplo, aumentou as importações de carne de frango brasileira em 26% no ano passado. Por outro lado, os EUA reduziram suas exportações em 49%, totalizando 46 mil toneladas a menos.
Perspectivas para o Mercado Brasileiro
O Brasil deve continuar se destacando no mercado global de carne de frango, impulsionado pela demanda crescente e pelo reconhecimento da qualidade sanitária de sua produção. “A pressão da Influenza Aviária sobre a oferta global tem direcionado mais importadores ao produto brasileiro, e esse movimento deve se intensificar ao longo do segundo semestre”, analisa Ricardo Santin.
Além do impacto da Influenza Aviária, o Brasil também se beneficia de situações pontuais em mercados estratégicos. O México, por exemplo, renovou o Programa de Abertura Contra a Inflação e Carestia (PACIC) e aumentou suas importações de carne de frango brasileira em 650% em janeiro deste ano. Esse fluxo positivo deve se manter, fortalecendo ainda mais as exportações do setor.