A Minerva Foods, uma das principais empresas de exportação de carne da América do Sul, anunciou um aumento de capital privado no valor de R$ 2 bilhões. O objetivo é claro: reduzir sua alavancagem num cenário de juros ainda elevados, que vêm pressionando os resultados da companhia.
A operação será feita a um preço de R$ 5,17 por ação — valor calculado com base na média dos últimos 60 pregões da Bolsa. Isso representa um desconto de 20% em relação ao preço de fechamento das ações no dia do anúncio, que foi de R$ 6,44.
Além do desconto atrativo, a empresa está oferecendo um incentivo extra: para cada ação subscrita, o acionista terá direito a meio “warrant” — um bônus que permite comprar uma nova ação, pelo mesmo valor da operação atual, a qualquer momento nos próximos três anos. Com esse benefício adicional, o potencial de captação total da operação pode chegar a R$ 3 bilhões.
Metade do valor já está assegurada: a família Vilela de Queiroz, que controla a holding VDQ, vai investir R$ 700 milhões; já o fundo soberano árabe Salic, atual acionista com cerca de 31% de participação, se comprometeu com R$ 300 milhões.
Se a operação for quase totalmente subscrita (acima de 90%), a participação da família Vilela de Queiroz subiria para 26,3%, enquanto o Salic seria diluído para 24,9%.
O dinheiro captado será usado para acelerar a redução do endividamento da companhia, que aumentou após a compra de 13 plantas frigoríficas da Marfrig no fim de 2023. Com essa aquisição, a alavancagem da Minerva saltou de 2,5 vezes para 3,7 vezes o EBITDA. A expectativa inicial da empresa era encerrar 2025 com uma alavancagem de 3x, e retornar ao patamar pré-aquisição (2,5x) em 2026.
Agora, com o reforço de capital, o CFO Edison Ticle afirmou ao Brazil Journal que a alavancagem deve cair para 3,2x imediatamente, e que a meta de 2,5x poderá ser alcançada já no primeiro trimestre de 2026.
Apesar da diluição significativa para quem não participar da oferta (cerca de 65%), o CFO defende que a operação trará benefícios. A redução da dívida deve gerar uma economia de R$ 310 milhões com juros, o que, após ajustes tributários, representa um ganho de R$ 286 milhões no lucro líquido anual da Minerva.
Considerando o consenso de mercado, que projeta um lucro de R$ 313 milhões para 2025 (ou R$ 0,53 por ação), a nova base acionária elevaria o lucro por ação para R$ 0,59 — um aumento de 12%.