Nos últimos meses, o mercado de produtos à base de plantas tem enfrentado uma retração significativa. Um reflexo disso é a reavaliação das estratégias de exposição adotadas pelos grandes varejistas, o que tem afetado diretamente empresas como a Beyond Meat, referência global na produção de carnes vegetais.
A queda na demanda fez com que alguns supermercados optassem por reduzir a variedade desses produtos nas prateleiras ou reposicioná-los dentro da loja. Dois grandes varejistas, por exemplo, transferiram os itens da Beyond da seção de alimentos frescos e refrigerados para os corredores de congelados. Essa mudança, embora estratégica do ponto de vista logístico, causou interrupções na distribuição e resultou em rupturas no abastecimento, comprometendo as vendas da marca.
Segundo Ethan Brown, CEO da Beyond Meat, a mudança de localização prejudica o objetivo da marca de se posicionar como uma alternativa direta à carne tradicional. “O desafio é a velocidade”, afirmou durante uma teleconferência com investidores. “E esse é o desafio mais difícil.”
Queda nas vendas e cortes estratégicos
Dados da Nielsen apontam que, em 2024, as vendas de carne vegetal caíram 2,3% em todo o setor. No caso específico da Beyond Meat, a receita no primeiro trimestre de 2025 registrou uma queda de 9,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Para enfrentar esse cenário, a empresa adotou medidas drásticas, como a demissão de cerca de 6% de sua equipe e a suspensão das operações na China, visando a redução de custos.
Além disso, a Beyond buscou novos aportes financeiros. Um exemplo foi a negociação com a Unprocessed, que resultou em US$ 100 milhões em novos recursos, com possibilidade de expansão para até US$ 250 milhões. Esses investimentos, segundo a empresa, visam fortalecer a liquidez e dar suporte à execução de suas prioridades estratégicas.
A luta pela percepção do consumidor
Mesmo em meio a cortes e reestruturações, a Beyond mantém firme seu posicionamento: ser uma alternativa saudável à carne animal, alinhada à crescente busca dos consumidores por opções ricas em proteína e com menor impacto ambiental. No entanto, o próprio Brown reconhece que há um obstáculo importante a ser superado: a desinformação sobre os ingredientes dos produtos plant-based.
“A proposta de valor da empresa permanece obscura e questionável para parte do público”, admitiu. “Deveríamos ser uma peça-chave na resposta à demanda por proteínas, mas precisamos nos reestabelecer dentro do conjunto de decisões do consumidor.”