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Mercado de destilados enfrenta desafios na Europa

FREEPIK

Publicado originalmente na Bloomberg Línea, o mercado de destilados premium na Europa enfrenta uma fase desafiadora, marcada por crescimento lento e riscos tarifários. Na última semana, a Pernod Ricard, dona da vodca Absolut, reduziu sua projeção de vendas, seguindo os passos da Diageo, fabricante do uísque Johnnie Walker, que já havia descartado uma meta de vendas de longa data. Como consequência, as ações das duas empresas, assim como as da Remy Cointreau e da Davide Campari-Milano (fabricante do Aperol), registram quedas significativas, atingindo patamares próximos às mínimas em vários anos.

De acordo com Susana Cruz, estrategista da Panmure Liberum, “o mercado de bebidas destiladas premium está enfrentando dificuldades devido aos gastos cautelosos dos consumidores e à incerteza econômica”.

Além da baixa demanda, as tarifas comerciais impõem um novo desafio. Empresas como Pernod Ricard, Diageo, Remy e Campari têm entre 28% e 45% de sua receita proveniente da América do Norte, tornando-as vulneráveis a potenciais tarifas dos Estados Unidos sobre México e Canadá. A CEO da Diageo, Debra Crew, alertou que essa situação pode impactar diretamente o desempenho da companhia. Enquanto isso, a Pernod Ricard já sofre os efeitos das tarifas impostas pela China sobre o brandy europeu, afetando a demanda pelo seu Martell Cognac.

O diretor financeiro da Pernod Ricard informou que as tarifas da China e dos EUA podem gerar um prejuízo de 200 milhões de euros (US$ 207 milhões), com a maior parte desse impacto vindo do mercado asiático.

Avaliações em queda e perspectivas futuras

A pressão sobre o setor fez com que as avaliações das ações atingissem os menores níveis históricos em relação ao índice MSCI Europe. O MSCI European Beverage Index já acumula uma queda de 5,5% em 2024, somando-se à retração de quase 17% registrada no ano passado.

Apesar do cenário desafiador, algumas análises apontam para uma possível estabilização. As ações da Pernod Ricard chegaram a subir 3,3% na última quinta-feira (6), impulsionadas pelo otimismo de analistas, como Edward Mundy, da Jefferies, que avaliou a revisão das projeções da empresa como uma abordagem mais realista.

Já o segmento de cervejarias apresenta um panorama mais favorável. A dinamarquesa Carlsberg surpreendeu o mercado ao divulgar uma projeção de crescimento acima das expectativas dos analistas, impulsionada pela recuperação da demanda e um ambiente de consumo mais estável. Como resultado, suas ações subiram até 6,4%. O cenário positivo também pode beneficiar gigantes como Heineken e Anheuser-Busch InBev, que divulgarão seus resultados em breve.

Segundo Cruz, “as cervejarias estão mais bem posicionadas devido à menor elasticidade de renda da demanda por cerveja”.

O mercado de bebidas segue em transformação, com desafios para os destilados e oportunidades emergentes para as cervejarias. Resta acompanhar como as empresas irão se adaptar a esse novo cenário global.

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