As maiores redes de fast food dos Estados Unidos enfrentaram uma queda significativa nas vendas no primeiro trimestre de 2025, refletindo os efeitos combinados da desaceleração econômica, tensões geopolíticas e insegurança entre grupos populacionais vulneráveis, especialmente imigrantes. Segundo o jornalista Jamil Chade (UOL), o McDonald’s registrou uma retração de 3,6% no período — seu pior desempenho trimestral desde o auge da pandemia.
O alerta acendeu no setor: consumidores estão cada vez mais cautelosos.
O próprio presidente do McDonald’s, Chris Kempczinski, afirmou que há uma incerteza crescente entre os consumidores. A rede observou uma queda acentuada no público de renda média e uma retração contínua entre os clientes de baixa renda, com muitos deixando de consumir refeições como o café da manhã para reduzir gastos.
Essa mudança de comportamento não se limita à rede dos arcos dourados. Um estudo da consultoria Placer.ai identificou uma redução geral de 1,5% na frequência de visitas a restaurantes no país no mesmo período. A tendência é clara: os americanos estão repensando seus hábitos de consumo fora do lar, com impacto direto nas operações de foodservice.
Outras redes também sentem os efeitos
A Starbucks registrou uma queda de 1% na frequência de clientes no trimestre, marcando cinco meses consecutivos de retração. O CEO da marca classificou o desempenho como “decepcionante”.
Outras gigantes do setor seguiram o mesmo caminho:
- Domino’s Pizza reportou queda nas operações nos EUA.
- Wingstop viu retrações expressivas em regiões com forte presença de clientes hispânicos e de renda média baixa.
- Até a Chipotle, que vinha apresentando crescimento constante, sofreu a primeira queda de vendas desde a pandemia: 0,4%.
Em todos os casos, o padrão se repete: consumidores com menor poder aquisitivo estão priorizando itens essenciais e reduzindo refeições fora de casa.
Consumo mais estável entre clientes de alta renda
Curiosamente, a única faixa que manteve hábitos estáveis foram os consumidores de alta renda, segundo o próprio McDonald’s. Essa diferenciação de comportamento evidencia como a pressão econômica está afetando principalmente os grupos mais vulneráveis — incluindo imigrantes, que, por medo ou restrição orçamentária, têm evitado frequentar restaurantes.
A comunidade hispânica, que representa cerca de 20% do consumo nos EUA, tem sido particularmente impactada. A retração de seu consumo também afetou outros setores. Empresas como a Colgate-Palmolive e a Constellation Brands (fabricante da cerveja Modelo) reportaram queda nas vendas para esse público, conforme divulgado pelo Financial Times.
Fonte: UOL