Diante de uma crescente demanda por alimentos mais saudáveis e rotulagem limpa, grandes empresas do setor alimentício estão reformulando seus produtos para eliminar corantes e ingredientes artificiais. O movimento ganhou ainda mais força após a declaração do Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., que pediu à indústria que elimine os corantes artificiais até 2027.
A resposta do mercado foi imediata. Empresas fornecedoras de ingredientes relataram aumento nas vendas, impulsionado pela corrida para atender consumidores cada vez mais atentos à composição dos alimentos.
Na conferência Farm to Market, em Nova York, Monish Patolawala, CFO da Archer-Daniels-Midland Co. (ADM), destacou que a demanda por reformulação já é alta entre os clientes. A pressão por ingredientes mais naturais fez a receita operacional do segmento de nutrição da ADM crescer 13% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A empresa tem registrado um volume significativo de pedidos voltados à sua linha de corantes naturais, segundo o CEO Juan Luciano.
Outras gigantes do setor observam movimentos semelhantes. A Ingredion, especializada em soluções de textura e ingredientes saudáveis, viu sua receita operacional subir 34% no mesmo período, puxada principalmente pela procura por produtos com rótulos mais limpos.
Na McCormick, referência global em temperos e especiarias, o CEO Brendan Foley relatou uma intensa atividade de reformulação por parte dos clientes, em sintonia com as diretrizes da nova gestão federal americana. Para ele, a mudança vai além da eliminação de corantes artificiais: há também uma busca ativa por melhorar o perfil nutricional dos alimentos, incluindo aspectos como hidratação, funcionalidade e maior teor proteico.
A Tyson Foods já iniciou a reformulação de produtos que ainda utilizam corantes à base de petróleo, e a PepsiCo está em processo de adaptação de seu portfólio. De acordo com o CEO Ramon Laguarta, marcas como Lays devem eliminar os corantes artificiais até o fim de 2025. A empresa quer liderar a transição para ingredientes mais naturais, sem gerar instabilidade para o setor.
“Entendemos que haverá uma demanda crescente por ingredientes naturais e vamos acelerar essa transição de maneira pragmática e coordenada”, afirmou Laguarta.
O movimento global de transparência e saúde nos alimentos mostra que a transformação do setor alimentício está em curso — e ganha fôlego com o engajamento de líderes e consumidores.
Fonte: Food Dive