A boemia ainda é marca registrada da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, mas quem anda pelas ruas do bairro hoje percebe um novo movimento: o foco crescente na gastronomia. A tradicional imagem de bares com samba ao vivo e mesas nas calçadas agora divide espaço com coquetelarias sofisticadas, restaurantes autorais e cafeterias temáticas — um verdadeiro caldeirão de tendências culinárias.
Segundo matéria publicada pela Folha de S.Paulo, mais de 50 novos estabelecimentos foram inaugurados desde 2021, impulsionando um redesenho do bairro. A transformação, acelerada pela pandemia, abriu espaço para casas que valorizam ingredientes regionais, práticas sustentáveis e a diversidade de sabores — indo de receitas coreanas e nordestinas até veganas e judaicas.
Um novo polo gastronômico
A chef Bel Coelho é uma das protagonistas dessa mudança. Após fechar o projeto intimista Clandestino em 2020, ela retornou com o restaurante Clandestina, que aposta em pratos à la carte feitos com ingredientes brasileiros, em uma área menos badalada da Vila. Segundo a chef, a região “mais alta” do bairro tem se consolidado como um polo mais gastronômico e menos boêmio, com público diferenciado.
Entre os destaques citados na reportagem da Folha estão:
- Altar Cozinha Ancestral, da chef Carmem Virgínia, que traz sabores do Recife;
- Atzi, dos chefs do premiado Metzi, com tacos clássicos mexicanos;
- Komah Bakery, inspirada nas cafeterias sul-coreanas, com folhados e doces artesanais;
- Joya Boulangerie, que funciona onde antes operava um banco, agora com menu de brunch e pâtisserie fina;
- Barouche, bar que funciona dentro de uma livraria com drinques sofisticados e ambiente cultural.
Também ganham espaço casas com pegada autoral, como o Nomo, que trabalha com ingredientes sazonais e técnicas de brasa, ou o Jacó, do chef Iago Jacomussi, com menus que respeitam a sazonalidade.
Um mapa diverso de sabores
A lista é extensa e contempla desde botecos moderninhos até wine bars com mais de 600 rótulos. A seguir, alguns estabelecimentos que mostram a diversidade da nova Vila Madalena:
- Camélia Òdòdó – restaurante vegano da chef Bela Gil;
- Tau Cozinha – especializado em pratos 100% vegetais;
- Casa Tavares – mistura de restaurante, empório e espaço cultural;
- Oculto – bar secreto com carta de drinques autorais;
- Shihoma – eleito melhor italiano de São Paulo, agora também com deli informal.
Gastronomia como identidade urbana
Esse boom não é apenas uma questão de sabores — é um reflexo de mudanças nos hábitos de consumo, no estilo de vida e na busca por experiências gastronômicas mais significativas. A Vila Madalena, antes reduto exclusivo da boemia paulistana, agora se apresenta como um laboratório de inovação gastronômica e uma vitrine da pluralidade da cozinha brasileira e internacional.
Para profissionais do foodservice, o bairro se torna um ponto de referência: seja para estudar tendências, encontrar fornecedores artesanais ou simplesmente degustar novas ideias em forma de pratos.
Fonte: Folha de S.Paulo