Já imaginou preparar um café expresso sem depender de energia elétrica, cápsulas ou filtros de papel? Essa foi a proposta ousada de Maycon Aram, designer de Juiz de Fora (MG), que encontrou no universo do café uma forma de unir sustentabilidade, inovação e artesanato. A história, contada pela PEGN (Pequenas Empresas & Grandes Negócios), mostra como a paixão pelo design e o espírito empreendedor podem transformar o modo como consumimos café.
Em 2017, Aram fundou a Aram Soulcraft, marca especializada em cafeteiras manuais com design artesanal. O equipamento criado por ele funciona com um sistema de pistão com rosca, permitindo que a pressão seja gerada manualmente sobre o pó de café — o que imita o preparo tradicional de um expresso, mas com um toque todo especial: a experiência está nas mãos do usuário. Sem eletricidade, o preparo se torna ainda mais personalizado, já que o cliente escolhe a temperatura da água e a velocidade de extração, o que interfere diretamente no sabor da bebida.
O projeto levou quatro meses de pesquisa e foi lançado com o apoio de uma vaquinha online. A meta era arrecadar R$ 30 mil, mas o resultado superou todas as expectativas: foram R$ 253 mil arrecadados, o suficiente para produzir 330 unidades — onze vezes mais do que o previsto inicialmente.
Formado em Design e com passagem por grandes empresas, Aram começou sua trajetória empreendedora com a criação de óculos de madeira sob medida, que consideravam o formato do rosto de cada cliente e renderam a ele três dos principais prêmios de design do país. Mas foi no café que encontrou seu propósito. “Eu pensei: poxa, como posso desenvolver isso e aplicar no trabalho artesanal e de qualidade feito no Brasil em uma cafeteira?”, relembra.
Hoje, com uma produção sofisticada e um posicionamento internacional, 75% das vendas são para o exterior, com cada unidade da cafeteira custando cerca de R$ 2.670. Em 2024, foram vendidas 1.500 unidades, e o faturamento anual da marca chega a R$ 2,5 milhões.
“Eu acho incrível as formas. Eu vejo um produto bonito e penso: ‘Nossa! Como eu queria ter feito isso’. Eu acho que essa é minha função no mundo”, resume Aram, que vem mostrando que o café brasileiro pode ser servido com muito mais do que sabor — pode vir com história, design e propósito.
Fonte: PEGN