O cenário do delivery no Brasil está prestes a passar por uma transformação significativa. A gigante chinesa Meituan, maior empresa de delivery do mundo, se prepara para iniciar suas operações no Brasil até o fim de 2025 — e deve desafiar diretamente o iFood, líder absoluto do setor no país.
Essa movimentação ocorre poucos meses após a Prosus, controladora do iFood, adquirir a holandesa Just Eat por € 4,1 bilhões, formando o quarto maior grupo de delivery global. A chegada da Meituan promete esquentar ainda mais esse mercado competitivo.
Embora venha observando o Brasil há anos — a marca Meituan está registrada no país desde 2020 —, a empresa só agora decidiu avançar com sua entrada. Executivos da companhia têm se reunido com empresários locais, negociado com operadores logísticos e montado a estrutura tributária para operar por aqui.
A Meituan não chega com passos tímidos. Em 2024, a empresa teve uma receita de cerca de US$ 46 bilhões e realizou quase 30 bilhões de entregas. Seu valor de mercado supera os US$ 130 bilhões, e ela atende mais de 200 milhões de usuários, principalmente na Ásia. Para se ter ideia da dimensão do negócio, seu volume bruto de vendas (GMV) é 12 vezes maior do que o do iFood.
Curiosamente, a Prosus, que controla o iFood e tem à frente o brasileiro Fabricio Bloisi, também possui uma pequena participação na Meituan — algo semelhante ao que já ocorreu com Didi e Uber no passado.
Apesar da concorrência à vista, o iFood segue sólido no Brasil. A empresa realiza mais de 100 milhões de entregas por mês e movimenta cerca de R$ 8 bilhões mensalmente. Conta com 350 mil entregadores, 400 mil comerciantes parceiros e presença em todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes. Isso significa mais de 1,5 mil municípios atendidos.
O iFood também tem diversificado sua atuação. No setor de benefícios, está perto de alcançar 1 milhão de clientes. Já sua frente financeira — um tipo de banco digital — já soma mais de R$ 1 bilhão em carteira de crédito.
Mesmo com mais de 80% de participação no mercado de aplicativos de delivery, o CEO do iFood, Diego Barreto, ressalta que a empresa concorre com outros canais informais de pedido, como telefone e WhatsApp. Considerando todos os meios, o market share real do app varia entre 20% e 25%.
Além do iFood, o mercado brasileiro conta com concorrentes como o aiqfome, do Magazine Luiza. Presente em mais de 700 cidades, ele já soma mais de 6 milhões de usuários, cerca de 30 mil restaurantes parceiros e registra mais de 2 milhões de pedidos mensais.
O desafio da Meituan será entrar nesse cenário dominado e conquistar seu espaço. Mas, com uma estrutura robusta, inovação e experiência internacional, a disputa promete ser acirrada — e quem pode sair ganhando é o consumidor brasileiro, com mais opções e possivelmente melhores condições.
Matéria adaptada de reportagem publicada originalmente pelo NeoFeed
