A tradicional marca Rochinha Sorvetes está reformulando sua identidade para competir com grandes nomes do setor. Sob o conceito “Cremeria do Brasil”, a empresa busca se destacar sem adotar o termo “gelato”, reforçando sua essência brasileira. Segundo Lupércio Moraes, CEO da Rochinha, “sorvete com bons ingredientes segue sendo sorvete”.
O movimento acompanha a concorrência com redes como Bacio di Latte e Borelli, exigindo mudanças tanto na fórmula dos produtos quanto no design das lojas. O primeiro espaço com o novo conceito foi inaugurado em Moema, São Paulo, e combina elementos da cultura caiçara, remetendo à origem da marca no litoral paulista. A expectativa é renovar as 25 lojas da rede e abrir mais cinco unidades ainda este ano. O investimento inicial em uma franquia da marca gira em torno de R$ 500 mil.
Nova receita e foco premium
Além do visual, a Rochinha ajustou a composição dos sorvetes, aumentando a gordura láctea e reduzindo açúcares e aditivos artificiais. A intenção é oferecer um produto premium sem perder a identidade nacional. Entre os novos sabores, estão Pipoca com Caramelo Salgado, Brownie do Luiz e Tiramisu, além dos clássicos coco branco e milho-verde. As lojas também passaram a oferecer casquinhas artesanais feitas na hora, recheadas com caldas como pistache e doce de leite.
“Modernizamos porque o mercado pede, mas sem abrir mão da nossa essência. Somos brasileiros, somos o sorvete da memória afetiva do paulista”, reforça Moraes.
Crescimento do mercado e expansão da Rochinha
A aposta na reformulação ocorre em um cenário de forte expansão do mercado de sorvetes no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o número de franquias do setor quase triplicou entre 2021 e 2024, alcançando 4.603 unidades – um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. O interior do país tem sido um dos principais motores desse avanço.
Para acompanhar essa tendência, a Rochinha aposta no modelo de franquias, mirando principalmente cidades menores e regiões onde as redes premium ainda não chegaram com força. A fábrica da marca, localizada em São José dos Campos, tem capacidade para produzir 5 milhões de litros de sorvete por ano, garantindo o abastecimento da rede. A meta para 2025 é a abertura de mais cinco unidades.
Uma nova concorrente para as grandes redes?
Com essa estratégia, a Rochinha busca se consolidar como uma alternativa nacional às gigantes do setor. Diferentemente das gelaterias que finalizam os produtos na loja, a empresa segue o modelo de produção centralizada, como faz a Ben & Jerry’s. Atualmente, Bacio di Latte e Borelli lideram esse segmento, com mais de 200 unidades cada e faturamentos bilionários.
O grande desafio da Rochinha será conquistar o público premium sem perder seu DNA tradicional. “Queremos mostrar que sorvete de qualidade também se faz no Brasil”, conclui Moraes. Resta saber se os consumidores vão abraçar essa nova fase – e esse sorvete.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Exame