Conteúdo adaptado a partir de matéria publicada pela Bloomberg Línea
Quando a JBS divulgar seus resultados do primeiro trimestre nesta terça-feira (13), um dos destaques será a performance da Seara, marca que se consolidou como referência em reinvenção e inovação dentro do setor alimentício.
Em 2024, a Seara atingiu impressionantes R$ 47,4 bilhões em receita, com crescimento de 15%, aproximando-se da marca de R$ 50 bilhões. O avanço da marca foi acompanhado por um expressivo aumento na geração de caixa operacional (Ebitda), que chegou a R$ 8,4 bilhões, alta de 366%, com margem Ebitda de 17,7% – atrás apenas da americana Pilgrim’s Pride Corporation, também do grupo JBS.
Inovação como estratégia central
Sob o comando de João Campos desde 2020, a Seara apostou fortemente na inovação para reposicionar a marca, diversificar seu portfólio e responder às mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros. A empresa passou a lançar categorias inéditas no mercado, distanciando-se da imagem tradicional de uma indústria concentrada em produtos como lasanhas congeladas e embutidos.
Segundo Campos, a estratégia da marca tem como base três grandes tendências identificadas em estudos de comportamento do consumidor:
- Conveniência e praticidade: Alinhada à vida moderna, com lares menores e o retorno ao trabalho presencial.
- Indulgência: A busca por experiências sofisticadas e novos sabores.
- Snacking time: O aumento do consumo de lanches em horários alternativos, especialmente entre os mais jovens.
Novos produtos e foco em air fryer
A resposta da Seara a essas tendências já está nas prateleiras – ou prestes a chegar. A marca aposta em mais de 150 lançamentos em 2025, com foco em alimentos prontos para air fryer, como pizzas, lasanhas, bolovo, coxinhas de frango e camarão empanado, frango oriental e outras inovações. O eletrodoméstico, que já está presente em quase metade dos lares brasileiros, tornou-se prioridade estratégica para a empresa.
Além da praticidade, a air fryer também atende à crescente demanda por alimentação saudável, reduzindo o uso de óleo e possibilitando receitas com menos sódio e ingredientes naturais.
Parcerias e experiências de marca
A Seara também surpreendeu o mercado com uma parceria inédita com a Netflix, lançando snacks como as “pipoquinhas de frango” com o logo da plataforma e referências a séries como Round 6. A ação visa ampliar o vínculo emocional com o consumidor e explorar momentos de consumo como assistir a filmes e séries.
Desenvolvimento de novos produtos: ciência e dados
A base de toda essa transformação está no investimento em pesquisa e desenvolvimento. A marca conta com a Academia Seara, hub de inovação da JBS em São Paulo, onde cerca de 80 profissionais – entre cientistas de alimentos, engenheiros e chefs – realizam de 500 a 700 estudos por mês. Os testes envolvem desde novos sabores e formatos até adequações para diferentes métodos de preparo.
Para se consolidar como protagonista da inovação alimentar, a empresa também aposta em produtos com maior teor de proteína, como a nova linha Panelinha, que inclui refeições como carne com legumes, arroz e brócolis, desenvolvidas com ingredientes naturais.
Visão de longo prazo
Mais de uma década após ser adquirida pela JBS em 2013, a Seara deu um salto estratégico: de uma receita de R$ 8 bilhões à casa dos R$ 47 bilhões. Esse crescimento reflete não só uma mudança cultural, mas também uma visão centrada em antecipar comportamentos e criar novas ocasiões de consumo.
Como destaca Campos, “quando a marca acerta na solução e no benefício, o consumidor reconhece o valor – e aceita pagar mais”. E complementa: “Temos várias ideias na cabeça, algumas em teste, e outras que logo chegam ao mercado com potencial de causar grande impacto.”