Brasil e diversos países africanos compartilham um objetivo essencial: garantir a segurança alimentar e erradicar a fome, assegurando que alimentos saudáveis cheguem à mesa de todas as famílias. Nesse espírito de cooperação, Brasília sediou, até o dia 22 de maio, o 2º Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, reunindo cerca de 150 representantes de 40 nações africanas.
Durante o encontro, os participantes conheceram de perto as políticas públicas brasileiras que transformaram a segurança alimentar do país, tirando milhões de pessoas da fome. As ações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram destaque, com ênfase em programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além de iniciativas voltadas à formação de estoques estratégicos e incentivo à agricultura familiar.
Troca de experiências e fortalecimento de parcerias
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, apresentou as políticas de Estado que impulsionam a erradicação da fome no Brasil. Ele destacou a importância do crédito para pequenos produtores, as compras públicas e as ações voltadas à reforma agrária. Teixeira também ressaltou a relevância da assistência técnica, especialmente em regiões como a Amazônia, onde se busca incentivar florestas produtivas com espécies de valor econômico, como o açaí, o cacau e a palma de dendê.
Entre os representantes africanos, esteve presente o ministro da Agricultura e das Florestas de Angola, Isaac dos Anjos. A parceria entre Angola e o Brasil vem se fortalecendo por meio da capacitação de técnicos angolanos em políticas de abastecimento social, custos de produção, armazenamento e fiscalização. Apenas no último ano, 97 profissionais foram treinados em Luanda, e uma nova formação está em andamento, beneficiando mais 75 especialistas.
Agricultura familiar no centro das soluções
Durante o evento, Paulo Teixeira reforçou a importância da agricultura familiar na produção de alimentos diversificados e saudáveis. Enquanto o agronegócio se concentra em cerca de 15 produtos, a agricultura familiar brasileira cultiva aproximadamente mil alimentos, essenciais para a segurança alimentar e para a promoção de uma dieta equilibrada.
O ministro também destacou a necessidade de valorizar e recuperar as culturas alimentares tradicionais, muitas vezes mais saudáveis e sustentáveis que os produtos industrializados. Essa abordagem fortalece não apenas a saúde das populações, mas também a soberania alimentar.
Estratégias que garantem segurança alimentar
O apoio governamental aos pequenos produtores é estruturado em diferentes frentes. O financiamento agrícola anual contribui diretamente para os recordes de safra alcançados pelo país. Além disso, as políticas de seguros agrícolas oferecem respaldo em casos de frustração de safra, especialmente relevantes em tempos de mudanças climáticas. As compras públicas e os estoques reguladores, retomados pelo atual governo, também garantem estabilidade no abastecimento.
Aprofundando a cooperação com Angola
O ministro angolano Isaac dos Anjos enfatizou que as parcerias com o Brasil vão além da Conab, incluindo cooperações com o Ministério da Agricultura e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele destacou a importância das visitas técnicas da Embrapa e mencionou sua própria especialização na Bahia, na área de agricultura florestal, como exemplo do intercâmbio de conhecimentos. Angola, segundo ele, está determinada a recuperar seu protagonismo como grande exportador de café, contando com o apoio brasileiro.
Reparação histórica e desenvolvimento mútuo
O presidente da Conab, Edegar Pretto, sublinhou que as parcerias com os países africanos são uma oportunidade para o Brasil realizar uma reparação histórica, considerando a dívida social resultante da escravidão. Além disso, destacou que, através dessas colaborações, o Brasil pode contribuir para o fortalecimento das políticas agrícolas africanas.
Marisson de Melo Marinho, chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Conab, reforçou que a troca é mútua: o Brasil também aprende com as experiências e técnicas desenvolvidas pelos países africanos, adaptadas a diferentes condições de solo e clima.
Um futuro de benefícios compartilhados
Para Cléber Soares, secretário executivo adjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a relação comercial com os países africanos configura-se como uma “relação ganha-ganha”, onde ambos os lados têm muito a oferecer e a receber. O Brasil vem ampliando sua presença no continente africano por meio de adidâncias agrícolas, fortalecendo laços diplomáticos e abrindo novas oportunidades de mercado.
O 2º Diálogo Brasil-África reforça o compromisso das nações participantes com a segurança alimentar e o desenvolvimento rural sustentável. Esse intercâmbio contínuo de conhecimento e experiências aponta para um futuro mais justo, saudável e próspero para todos os envolvidos.
Fonte: Diário do Comércio