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A crise climática ameaça o futuro da banana

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A banana, um dos alimentos mais presentes na mesa dos brasileiros e essencial para a segurança alimentar de mais de 400 milhões de pessoas no planeta, está sob risco. Segundo um estudo recente da organização britânica Christian Aid, quase dois terços das áreas produtoras da fruta na América Latina e no Caribe podem se tornar inadequadas para o cultivo até 2080, devido aos efeitos das mudanças climáticas.

As alterações nos padrões de chuva, o avanço de pragas e o aumento das temperaturas já estão sendo sentidos em países como Guatemala, Costa Rica e Colômbia — líderes na exportação global da fruta. Esses fatores comprometem a produtividade e colocam em xeque a viabilidade da monocultura da banana, especialmente da variedade Cavendish, predominante nas gôndolas dos supermercados e altamente dependente de condições ambientais estáveis.

Um fungo ameaça a base da produção global

A crise climática se agrava com a disseminação do fungo Fusarium oxysporum (TR4), causador do “Mal-do-Panamá”. Altamente destrutivo, o TR4 compromete o sistema vascular da planta, levando à perda total da produção. Como a Cavendish é estéril e geneticamente uniforme — reproduzida apenas por clonagem — ela não possui defesas naturais contra pragas e doenças, o que a torna extremamente vulnerável. Esse mesmo padrão monocultural já causou a extinção da variedade Gros Michel nas décadas de 1940 e 1950.

Desde que o TR4 foi identificado novamente nos anos 1990, seu avanço tem sido constante, atingindo áreas na Ásia, Oceania, África e América do Sul. A ausência de uma alternativa viável à Cavendish — tanto do ponto de vista agronômico quanto comercial — torna o cenário ainda mais preocupante. Pesquisadores da Wageningen University, na Holanda, destacam que nenhuma outra variedade reúne, até o momento, resistência biológica e aceitação no mercado internacional.

Diversificação e inovação são caminhos possíveis

Para enfrentar essa ameaça, cientistas e produtores estão apostando em duas estratégias principais: conter a expansão do TR4 e desenvolver variedades mais resistentes, inclusive por meio da engenharia genética. Ao mesmo tempo, cresce a valorização da diversificação nas lavouras, reduzindo a dependência de uma única variedade e promovendo maior resiliência frente às mudanças do clima.

No Brasil, sexto maior produtor mundial de banana, a fruta tem papel relevante tanto na alimentação quanto na economia rural. Embora o país não esteja entre os principais exportadores, também é afetado pela instabilidade climática e pela ameaça de pragas. Diante disso, pesquisadores e instituições brasileiras defendem a criação de políticas públicas que incentivem práticas agrícolas mais sustentáveis, ampliem a diversidade genética das plantações e fortaleçam a proteção da produção nacional.


Fonte: Tribuna de Minas

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