Na imensidão da Amazônia, a mandioca — alimento ancestral e símbolo de resistência — ganha novas camadas de significado através da bioinovação. A startup Dooka, também conhecida como OKA Bioembalagens, desenvolveu uma tecnologia que transforma a fécula desse ingrediente tradicional em embalagens biodegradáveis, de baixa emissão de carbono, abrindo caminhos para um futuro mais sustentável.
Mais do que apenas uma alternativa ao plástico, a proposta da Dooka representa um elo poderoso entre saberes tradicionais, tecnologia de ponta e desenvolvimento comunitário. O projeto nasceu e se consolidou com o apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e investimentos do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio).
Em Lábrea, no interior do Amazonas, a Dooka inaugurou uma biofábrica em parceria com a associação ASPACS, envolvendo diretamente comunidades indígenas, ribeirinhas e agricultores familiares. A unidade possui capacidade de produção de aproximadamente 120 mil embalagens por mês e já promoveu a capacitação de diversos moradores locais, que agora operam os equipamentos e dominam todo o processo produtivo. Assim, além de fomentar uma nova cadeia produtiva, a iniciativa gera renda, fortalece a autonomia e valoriza os talentos da região.
A inovação da Dooka vai além da mandioca. A startup também utiliza resíduos do agroextrativismo, como castanhas, açaí, óleos e manteigas vegetais, para compor suas embalagens técnicas. Esses produtos sustentáveis já despertam o interesse de setores como o de eletrônicos, cosméticos e até biocápsulas para reflorestamento, provando que é possível integrar tecnologia com a conservação da floresta em pé.
Com um modelo replicável, a Dooka aposta no licenciamento social da tecnologia, visando expandir suas biofábricas para pelo menos nove localidades da Amazônia Legal até 2030. O propósito é claro: gerar valor na origem, reduzir a dependência de doações e consolidar a bioeconomia como um motor estratégico para o desenvolvimento sustentável da região.
Como bem resume Sandra Barros, uma das lideranças locais:
“Jamais imaginávamos produzir embalagens com produtos da floresta. Agora, nossa economia se fortalece com inovação que nasce daqui mesmo.”
A trajetória da Dooka exemplifica como a Amazônia pode liderar uma revolução verde, unindo tradição, inovação e conservação.
Fontes: Exame, Idesam, Business Moment