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SOLOS: a startup baiana que conquistou gigantes com sustentabilidade

Saville Alves, fundadora da SOLOS — Foto: Divulgação / Tayse Argolo Fotografia

Para empresas que atuam com impacto ambiental e responsabilidade social, conquistar credibilidade é mais do que um diferencial — é um pré-requisito. “O mais importante não é o melhor preço nem a entrega mais rápida, mas ser autoridade no assunto”, afirma Saville Alves, fundadora da SOLOS. Criada em 2018, em Salvador (BA), a startup estimula a economia circular e hoje é reconhecida nacionalmente por sua atuação em educação ambiental, tecnologia de coleta e gestão de resíduos.

Segundo Saville, prêmios como o 100 Startups to Watch são cruciais para fortalecer essa posição de referência. “Quem nos contrata busca alguém em quem possa confiar para se associar”, diz. E, no caso da SOLOS, essa confiança já foi conquistada por organizações como Braskem, Heineken, iFood, Nubank e por prefeituras de cidades como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Responsabilidade compartilhada

Um dos maiores desafios enfrentados pela SOLOS — e que continua no centro de sua missão — é desmistificar a ideia de que “lixo não é de ninguém”. Para Saville, a mudança começa por uma consciência coletiva: “Somos todos corresponsáveis por gerar e dar destino correto aos resíduos.” Essa virada de chave só começou a acontecer nos últimos anos, impulsionada por ações de educação ambiental promovidas por iniciativas como a da própria SOLOS.

Apesar dos avanços, os números ainda preocupam. Segundo o relatório Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, da Abrema, apenas 8% dos resíduos sólidos são reciclados no país. “Isso está muito aquém do necessário”, alerta a empreendedora.

Educação, inovação e operação em larga escala

A SOLOS atua em três frentes principais para mudar esse cenário:

1. Educação ambiental: por meio de oficinas e palestras para estudantes e educadores, a startup desenvolve programas educativos com duração de cerca de quatro meses, intercalando teoria e prática. “Acreditamos que a transformação começa com o conhecimento”, diz Saville.

2. Soluções tecnológicas para coleta: a empresa desenvolve projetos de coleta inteligente que incluem desde sistemas de logística reversa até incentivo a cooperativas. Em Fortaleza, por exemplo, a SOLOS implementou um sistema de “delivery de reciclagem”, com triciclos elétricos que recolhem resíduos diretamente nas casas e comércios. O projeto contou com o apoio do iFood como investidor.

3. Gestão de resíduos em grandes eventos: a startup também é responsável pelo gerenciamento completo de resíduos em festas populares como o Carnaval de rua em Salvador, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. A operação envolve infraestrutura, contratação e capacitação de agentes de coleta, além de fornecimento de EPIs e estrutura de apoio.

Impacto social e diversidade

A atuação da SOLOS vai além da sustentabilidade ambiental. “Trabalhamos para profissionalizar os agentes de coleta — como gostamos de chamar os catadores — e garantir que tenham reconhecimento e dignidade”, afirma Saville. O modelo atual garante melhores condições de trabalho, com remuneração justa, alimentação, espaços para higiene e apoio a mães e pais com filhos pequenos.

Até o momento, a SOLOS já gerou R$ 6,6 milhões em renda para cooperativas e catadores, além de destinar 1.700 toneladas de resíduos à reciclagem. As ações de conscientização já engajaram cerca de 2,5 milhões de pessoas em nove estados brasileiros.

Um modelo de negócio com propósito

A SOLOS se posiciona como uma facilitadora de negócios sustentáveis. Sem ter recebido investimentos externos, a startup alcançou o ponto de equilíbrio financeiro logo no primeiro ano de operação. “Nosso papel é apoiar grandes empresas para gerar valor para o negócio e para a sociedade”, reforça Saville. “Nunca recebemos investimento externo. Atuamos no bootstrap desde o início.”

Com uma equipe de cerca de 30 pessoas, a diversidade também é um dos pilares do negócio: 90% do time é composto por mulheres, que ocupam todos os cargos de liderança; 40% se autodeclaram pretas ou pardas; 35% são LGBTQIA+ e 27% são oriundas de regiões periféricas. “Ter diferentes identidades no dia a dia é essencial para refletir os interesses da sociedade que queremos transformar”, conclui a fundadora.



Fonte: PEGN

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