Em tempos de otimização de recursos e redução de custos, o compartilhamento de espaços tem se destacado como uma tendência no varejo e no foodservice. Essa estratégia permite a divisão de despesas fixas, como aluguel e manutenção, além de atrair consumidores pela diversidade de produtos ou serviços em um único local. De acordo com Victor Mota, analista do Sebrae Minas, esse modelo favorece especialmente pequenos negócios e até franquias.

Loja colaborativa: exemplo de sucesso no Brasil

Foi com essa ideia que surgiu, em 2019, a loja colaborativa Espaço Amor de Mãe, idealizada por Márcia Machado e localizada no Shopping Cidade, em Belo Horizonte. O espaço, criado para apoiar mães empreendedoras, permite que elas dividam custos e responsabilidades, como o atendimento na loja, enquanto ganham visibilidade em um shopping.

“Reunimos empreendedoras para ratear os custos e criamos a primeira loja colaborativa materna do Brasil. Esse modelo facilita o acesso a uma loja física, o que impulsiona as vendas e fortalece o empreendedorismo em rede”, explica Márcia.

Além disso, a visibilidade proporcionada por estar em um shopping ajuda a ampliar a base de clientes das empreendedoras, que muitas vezes enfrentam dificuldades para manter negócios independentes.

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Franquias também aderem ao conceito

Embora seja mais comum entre pequenos negócios, o conceito de loja colaborativa também foi adotado por franquias. A Endossa, fundada em São Paulo em 2007, é um exemplo pioneiro. Com dez lojas espalhadas pelo Brasil, a unidade de Belo Horizonte, gerenciada por Bárbara Magalhães, é um sucesso.

“A Endossa funciona como uma vitrine para pequenos produtores, permitindo que eles exponham seus produtos a novos públicos com um custo acessível. Nosso modelo de negócio é acessível, com contratos curtos e flexíveis”, detalha Bárbara.

Ela destaca que a variedade de produtos aumenta a atratividade do espaço. “Com 108 produtores na loja, é quase impossível sair sem comprar algo. Esse formato traz comodidade e diversidade para o cliente”, afirma.

Empreendedorismo feminino em destaque

O compartilhamento de espaços também fortalece redes de apoio, como na loja Dellas, em Ouro Preto (MG), idealizada por Erica Queiroz e Rosilaine Diadelmo. Criada em 2023, a iniciativa reúne marcas autorais de trabalho artesanal e sustentável, permitindo que as empreendedoras dividam despesas e ampliem seu alcance.

“Esse modelo só foi possível porque nos acolhemos e unimos forças. Individualmente, não teríamos condições de manter um ponto físico”, explica Erica.

Store in store: tendência no foodservice

O setor de foodservice também tem explorado o compartilhamento de espaços. O Grupo Trigo, que opera marcas como Spoleto, China In Box e Gendai, adotou o modelo store in store para otimizar custos e oferecer mais opções aos consumidores.

“Esse formato permite unir marcas em um único espaço, reduzindo investimentos iniciais e otimizando recursos como estoque, equipamentos e áreas de trabalho”, comenta Catarina Carvalho, coordenadora de expansão do Grupo Trigo.

Cuidados e planejamento são essenciais

Embora seja uma tendência em crescimento, o modelo de compartilhamento exige planejamento. Segundo Victor Mota, do Sebrae Minas, é fundamental estabelecer normas claras entre os parceiros para evitar conflitos e garantir a sustentabilidade do negócio.

“O compartilhamento é vantajoso, mas precisa ser bem estruturado para prevenir problemas financeiros e de convivência entre os empreendedores. Definir responsabilidades e prever situações de inadimplência ou saída de um dos participantes é crucial”, alerta Mota.

Perspectivas para o futuro

O modelo de negócios colaborativo reflete uma mudança no comportamento do mercado, promovendo união e criatividade para enfrentar desafios. Com mais empreendedores e consumidores buscando opções acessíveis e diversificadas, o compartilhamento de espaços tende a se consolidar como uma solução eficiente no varejo e no foodservice.

Publicado no Diário do Comércio, adaptado para o Portal Foodbiz