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Gigante de alimentos em Uberlândia recebe investimento em fábrica

“De Minas para os mineiros”. É assim que o CEO global da BRF, Lorival Luz, 48 anos, natural da pequena cidade de Poço Fundo, no Sul do estado, celebra a reativação da linha de produção de margarinas em Uberlândia. A gigante brasileira de alimentos, uma das maiores do mundo no setor, vai anunciar hoje investimentos de R$ 2,5 milhões para ampliação e modernização da unidade ao longo deste ano.

A planta voltará a produzir as marcas Qualy, Deline e Claybom. Para o segundo semestre, está previsto o início da produção de Sofiteli. Com capacidade para produção de 120 mil toneladas ao ano, a linha atenderá tanto ao atacado quanto ao varejo.
“O consumo de margarinas teve uma leve queda nos últimos anos, o que nos levou a ajustar o volume de produção”, disse o executivo. “Com a alta do consumo e o lançamento de novas margarinas, focadas na saudabilidade, decidimos retomar a produção, que será dedicada a abastecer o mercado mineiro, principalmente”.
Há décadas a BRF – dona das marcas Sadia e Perdigão – mantém a liderança nessa categoria. No ano passado, o segmento de margarinas movimentou 445,1 mil toneladas. A companhia respondeu por 54% do mercado nacional, de acordo com o instituto de pesquisa Nielsen, o que representa alta de 0,4% em participação de mercado.
O carro-chefe da BRF na categoria é a marca Qualy, com 51,4% de preferência, cinco vezes mais do que a segunda colocada, a Doriana, da rival JBS. A Qualy é uma marca presente em sete de cada 10 lares brasileiros. Em Minas Gerais, a empresa está na liderança absoluta do mercado, com 67,5% em valor e 71,9% em volume.
Lorival Luz, CEO global da BRF
Lorival Luz, CEO global da BRF (foto: Marcelo Coelho/BRF/Divulgação)
“Desde 2003, todas as nossas margarinas estão adequadas ao não uso de gordura hidrogenada e sem colesterol. Temos também margarina com zero lactose”, explica Luz.  Minas Gerais representa 8% do mercado de margarinas brasileiro e é atualmente o terceiro maior estado consumidor de margarinas, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
A BRF opera, atualmente, cinco unidades em território mineiro, todas instaladas em Uberlândia. As fábricas são divididas pelos segmentos aves, óleo refinado e gordura, industrializados, suínos e margarinas, além dos dois centros de distribuição, um deles em Uberlândia e outro em Belo Horizonte.
Empregos gerados
Ao todo, quase 7 mil funcionários trabalham nas fábricas da companhia em Minas Gerais, além dos empregos indiretos em parceiros e fornecedores. Além de margarinas, a unidade de Uberlândia produz linguiças cozidas e frescais, mortadela, presunto, bacon, empanados e cortes de frango e suínos, sob as marcas Sadia, Perdigão e Kidelli.
Ao todo, serão mais de 30 novos colaboradores dedicados à linha de produção de margarinas. Especificamente em Uberlândia, a unidade tem cerca de 290 produtores integrados, com capacidade de produção de 33 mil toneladas por mês, atendendo ao mercado interno e externo, com exportações para Ásia, Oriente Médio e África.
Além de Uberlândia, as unidades de Paranaguá (PR) e Vitória de Santo Antão (PE) também produzem margarinas e estão operando em capacidade máxima. Na fábrica paranaense, a BRF produz sob as marcas Qualy, Deline, Sofiteli, Bom Sabor e Claybom. Já de Vitória de Santo Antão saem Qualy, Deline e Claybom. De acordo com a consultoria Euromonitor, o mercado de food service de margarinas vai crescer 2% ao ano a partir de 2020.
A BRF, maior exportadora global de frango do mundo, opera em mais de 140 países. Detentora de mais de 30 marcas, entre elas Chester, Pedix, Confidence, Halal e Banvit, a BRF possui 90 mil funcionários, 13 mil integrados, mais de 250 mil clientes no mundo e 37 fábricas em quatro países: Brasil, Emirados Árabes, Malásia e Turquia.
No ano passado, a companhia chegou perto de concluir uma fusão com o frigorífico Marfrig, mas ambas as empresas desistiram das conversas por não terem conseguido chegar a consenso sobre temas de governança corporativa que guiariam a nova companhia.
“Apesar do término das tratativas para a combinação de seus negócios, o relacionamento comercial entre a companhia e a Marfrig permanecerá inalterado e não haverá quaisquer modificações nas práticas, condições e termos previstos em contratos por elas celebrados”, justificou a BRF, em fato relevante.
Entre 2017 e 2018, a BRF enfrentou grandes desafios financeiros e de operação. No período, o prejuízo acumulado atingiu R$ 5,5 bilhões. Por isso, a integração com a Marfrig surgiu como saída para reduzir sua exposição a riscos setoriais e para gerar ganhos de sinergia.
Desafios
 Os investimentos da BRF no mercado brasileiro se dão em paralelo com o aumento das vendas da companhia mundo afora. Nas últimas semanas, os grandes produtores de proteína animal do Brasil têm observado um aumento das exportações e vendas no mercado internacional em decorrência da epidemia de coronavírus, que começou na China e pode aumentar a procura de alimentos produzidos pela indústria brasileira.
“Pode ser que tenha uma demanda maior pela segurança alimentar. Não gosto de dizer um resultado positivo, mas vamos dizer que podemos ter um incremento de volume, dado a segurança alimentar do nosso produto”, afirmou o presidente da BRF, durante a conferência do Credit Suisse em São Paulo.
Por outro lado, a empresa enfrenta um grande desafio no mercado árabe. A Arábia Saudita suspendeu a importação de frango de duas plantas da BRF no Paraná. Anunciada na segunda-feira a suspensão atinge as unidades de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão e resulta de investigação das autoridades sauditas, conduzidas entre 2014 e 2018, sobre supostas violações na produção de alimentos e premix (um preparado contendo vitaminas e aminoácidos).
No comunicado aos investidores, a BRF afirma que apenas a unidade de Dois Vizinhos, efetivamente, exportava carne de frango para a Arábia, com embarques mensais de 6 mil toneladas. A Arábia Saudita é um dos maiores mercados da BRF no mundo árabe e responde por 20% a 30% das vendas na região.
Apesar da restrição à companhia, o Credit Suisse manteve o preço-alvo das ações em R$ 46, com recomendação de “outperform”, desempenho esperado acima da média do mercado. O valor representa alta potencial de 49% sobre a cotação de referência do Credit.
Com informações do jornal Estado de Minas
Foto: reprodução