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Inflação pressiona orçamento das Famílias Brasileiras

Nos últimos meses, Karolina Nonato, fisioterapeuta de 38 anos que vive no Ipiranga, zona sul de São Paulo, precisou ajustar seu orçamento devido à alta da inflação. Como muitos brasileiros, ela viu a necessidade de cortar custos, deixando de usar o carro por conta do aumento do preço dos combustíveis e priorizando compras mais baratas e atividades gratuitas aos fins de semana.

Em entrevista ao Estadão, Karolina revelou como o impacto da inflação afetou sua rotina. “Tive que direcionar mais dinheiro para as compras do mês, além do benefício que a empresa me oferece”, explicou ela, lembrando que, apesar de não gastar muito, o essencial já compromete grande parte de sua renda.

Essa sensação de perda de poder de compra, compartilhada por muitas famílias, é resultado da inflação elevada. De acordo com a consultoria Tendências, que acompanhou a variação dos preços dos itens essenciais, em dezembro de 2024, as famílias brasileiras tinham apenas R$ 41,90 disponíveis de cada R$ 100 recebidos, um valor abaixo do registrado em 2023, quando o saldo era de R$ 42,40.

Isabela Tavares, economista da Tendências, aponta que a inflação dos itens essenciais, como alimentação e combustíveis, teve um impacto considerável. “A alimentação subiu 8,2% e os combustíveis tiveram altas expressivas”, explicou. Os cálculos mostram que, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou uma alta de 4,8%, a inflação dos itens essenciais foi de 5,8%, afetando ainda mais o orçamento das famílias.

A consultoria também projeta uma estabilização em 2025, com a inflação de alimentos desacelerando, mas ainda pressionada pela alta de outros itens essenciais. Para Karolina, essa inflação mais elevada exigiu um ajuste não só nas compras, mas também na sua vida acadêmica. Ela voltou a cursar Administração com a ajuda de um desconto oferecido pela fintech Yolo Bank, que colabora com faculdades para oferecer benefícios aos alunos.

Além disso, a desigualdade entre classes sociais no que se refere à renda disponível se torna ainda mais evidente. Famílias das classes D e E, com uma renda domiciliar de R$ 3,4 mil, têm uma sobra de apenas R$ 20,60 de cada R$ 100. Já na classe A, com uma renda de R$ 25,2 mil, essa sobra é de R$ 51,50.

Anna Carolina Gouveia, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), destaca que a situação está ainda mais difícil para a população de baixa renda, que precisa repensar sua cesta de consumo. O pessimismo também se reflete na confiança do consumidor, que caiu para o menor nível desde fevereiro de 2023, com a elevação da taxa de juros e a inflação persistente.

A alta da taxa básica de juros (Selic), que chegou a 13,25% em fevereiro, também está impactando o bolso dos brasileiros. A expectativa é que a Selic continue alta em 2025, o que, segundo especialistas, pode prolongar o período de dificuldades econômicas.

Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pelo Estadão

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