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Inflação dos alimentos segue como desafio para o Brasil

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Apesar de uma leve trégua registrada em abril, os preços dos alimentos continuam pesando no bolso dos brasileiros e exercendo forte influência sobre a inflação do país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (9/5) pelo IBGE, avançou 0,43% em abril, acumulando alta de 5,53% nos últimos 12 meses — bem acima da meta de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025.

Alimentos ainda lideram pressão sobre o IPCA

O grupo alimentação e bebidas, embora tenha registrado desaceleração em relação a março, foi o que mais influenciou o índice geral, com contribuição de 0,18 ponto percentual. Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, isso se deve ao peso desse grupo na composição do índice e à ampla difusão das altas: 70% dos itens alimentícios registraram aumento no mês.

Especialistas alertam que, apesar da desaceleração, o cenário exige cautela. Para André Valério, economista sênior do Inter, a inflação ainda opera em níveis preocupantes e com qualidade questionável. Já Maykon Douglas destaca que o impacto do câmbio e a atividade econômica aquecida dificultam uma reversão imediata da chamada “inflação subjacente”.

Fatores por trás da alta dos alimentos

O aumento persistente dos preços dos alimentos é resultado de uma combinação de fatores climáticos, econômicos e estruturais. Eventos extremos como El Niño e La Niña têm alterado os regimes de chuva e seca no país, afetando diretamente a produção agrícola. A escassez ou excesso de chuvas prejudicou colheitas importantes, como a do café em 2024.

Além disso, o crescimento da demanda interna e externa por produtos do agronegócio brasileiro impulsionou os preços. Com o PIB em alta de 3,4% em 2024 e a taxa de desemprego no menor patamar desde 2012 (7% em março), a economia aquecida vem estimulando o consumo, inclusive de alimentos.

Dólar alto e incertezas fiscais alimentam a inflação

Outro elemento que vem pressionando os preços é a valorização do dólar. No fim de 2024, a moeda americana chegou a R$ 6,10, uma alta de 24% no ano. Como muitos produtos alimentares têm seus preços atrelados ao mercado internacional, a variação cambial impacta diretamente o custo final ao consumidor. Essa tendência foi agravada pela percepção negativa do mercado em relação ao plano fiscal do governo, que não apresentou medidas consideradas suficientes para conter o crescimento da dívida pública.

Queda de preços ainda parece distante

A expectativa dos analistas é de que a inflação dos alimentos desacelere ao longo de 2025, mas sem grandes reduções de preços. André Braz, da FGV Ibre, projeta uma alta entre 6,5% e 7% para os alimentos neste ano — abaixo dos 10% estimados no início de 2025, mas ainda bem acima da meta de inflação.

Para o consumidor, isso significa que o alívio nos preços será limitado e pouco perceptível no dia a dia. A solução definitiva, segundo Braz, depende de uma combinação entre condições climáticas mais favoráveis e políticas públicas que aumentem a produtividade agrícola nacional.


Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Metrópolis

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