A rede de hamburguerias Cabana Burger, fundada em 2016 por um grupo de seis amigos ligados ao mercado financeiro e imobiliário, chamou atenção do mercado ao anunciar, dois anos atrás, um plano ousado de expansão: alcançar 300 unidades em três anos. Passado esse tempo, os números são mais modestos — atualmente são 27 unidades, com a projeção de chegar a 35 até o fim de 2025 —, mas a ambição de crescer continua presente. O diferencial? Agora, com muito mais cautela.
Segundo matéria publicada na Exame, o consumo de hambúrguer no Brasil segue aquecido. Dados da Kantar apontam um crescimento de 228% nas ocasiões de compra entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2024, alcançando 47 milhões de consumidores e cerca de 113 milhões de ocasiões de consumo. Um cenário bastante favorável para redes como o Cabana.
Operação enxuta e padronizada desde o início
Desde sua criação, a marca aposta no conceito de “fast food 2.0”: comida rápida com ingredientes frescos, atenção à experiência do consumidor e operação estruturada com perfil de startup. Um dos pilares dessa estratégia é a cozinha central, localizada em Santana do Parnaíba (SP), com capacidade para atender até 300 unidades.
Atualmente, 80% dos insumos das lojas são produzidos nessa central — de molhos e blends a acompanhamentos — o que garante padronização, controle de estoque e eficiência na operação. Segundo Bruno Lemos, diretor de franquias da marca, “a fábrica garante o padrão e dá escala ao que a gente quer construir. Ela está pronta para muito mais”.
Fábrica como motor de expansão para o B2B
Um movimento estratégico recente da rede foi aproveitar a capacidade ociosa da fábrica para ingressar no mercado B2B. Desde 2024, a marca passou a fornecer insumos e alimentos para outras empresas do setor e já atende cerca de 30 marcas. Apesar de representar apenas 5% do faturamento atual, o novo braço de negócios tem grande potencial de crescimento.
“Decidimos usar essa capacidade para gerar receita com inteligência. É uma linha de negócio que ainda tem muito espaço para crescer”, afirma Lemos. A aposta permite que o Cabana aproveite sua estrutura logística sem comprometer o desempenho das lojas, promovendo ganhos de escala e mantendo a qualidade.
Modelo de expansão mais seletivo e com foco regional
A estratégia de expansão da rede também passou por uma transformação. Com faturamento de R$ 110 milhões em 2024, a meta para 2025 é chegar a R$ 125 milhões, com aumento de 20% nas vendas por loja. A marca já opera em cidades como Santos, Mogi das Cruzes, Osasco e na Avenida Paulista, e agora mira novos mercados, como Belo Horizonte, Brasília e a região Sul.
O modelo atual privilegia parceiros mais engajados, cada um responsável por poucas unidades. Cada loja requer investimento de cerca de R$ 1,2 milhão, ocupa entre 85 m² e 100 m², e emprega, em média, 16 funcionários — com retorno estimado em 30 meses. Além de shoppings e lojas de rua, a marca também começa a atuar em aeroportos.
Governança e inovação como pilares do futuro
Desde 2020, o fundo de investimentos Treecorp, que tem entre seus sócios o empresário Roberto Justus, é o acionista majoritário do Cabana. A entrada do fundo fortaleceu a governança da empresa com a implementação de conselhos, cultura de dados e disciplina de gestão.
O suporte ao franqueado também evoluiu, com o desenvolvimento de um portal exclusivo para operação em tempo real. Já na área de produto, a inovação é constante: novas linhas podem ser criadas e testadas em menos de um mês, mantendo o frescor da experiência Cabana.
Com 500 colaboradores diretos e uma operação verticalizada da fábrica ao salão, a rede quer replicar fora de São Paulo o sucesso consolidado em seu mercado de origem. O ambicioso plano de 300 lojas ficou para trás, mas a visão de construir uma marca nacional sólida, inovadora e com sabor marcante continua viva — um smash de cada vez.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Exame