Uma inovação desenvolvida por pesquisadores brasileiros promete transformar o monitoramento da qualidade dos alimentos: uma embalagem inteligente, capaz de mudar de cor conforme o alimento se deteriora, sinalizando de forma visual se ainda está próprio para o consumo.

O projeto é fruto de uma parceria entre a Embrapa Instrumentação (SP), a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade de Illinois, em Chicago (EUA). A tecnologia se baseia no uso de pigmentos naturais extraídos do repolho roxo — que possuem sensibilidade ao pH — e na aplicação de uma técnica chamada fiação por sopro em solução, utilizada para produzir mantas de nanofibras. Essas fibras reagem à liberação de compostos voláteis típicos da decomposição de alimentos.

Nos testes de laboratório, os pesquisadores embalaram filés de merluza com esse material. Inicialmente, a embalagem apresentava uma coloração roxa, indicando que o peixe estava fresco. Após 24 horas, a cor começou a desbotar. Em 48 horas, surgiram tons azul-acinzentados, e ao final de 72 horas, a tonalidade azul indicava claramente a deterioração do produto.

A embalagem atua como um sensor visual, sendo uma solução promissora para monitorar a qualidade de pescados e frutos do mar — alimentos altamente perecíveis. Os cientistas ressaltam, no entanto, que ainda são necessários estudos adicionais para validar a eficácia da tecnologia em outros tipos de alimentos.

Além de contribuir para a segurança alimentar, a aplicação em larga escala dessa tecnologia pode ajudar a combater o desperdício, permitindo que o consumidor e a indústria identifiquem com mais precisão o ponto de consumo ideal dos produtos. Um avanço que une ciência, sustentabilidade e inovação no setor de alimentos.

Fonte: CNN