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Superávit global de açúcar é reduzida: riscos climáticos e logísticos no Brasil

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A maior trading de açúcar do mundo, a Alvean, revisou para baixo sua previsão de superávit global para a safra 2025/2026, alertando que o mercado tem subestimado os riscos relacionados ao clima e à logística no Brasil — maior produtor e exportador mundial da commodity.

Segundo apresentação feita durante a New York Sugar Week, a nova estimativa aponta para um superávit de apenas 400 mil toneladas no próximo ciclo, bem abaixo da projeção anterior de 1,5 milhão de toneladas divulgada há dois meses. Já para a safra atual, que se encerra em setembro de 2025, a previsão é de um déficit expressivo de 5,5 milhões de toneladas.

Esse cenário contrasta com o comportamento recente dos contratos futuros de açúcar bruto, que atingiram neste mês o menor patamar desde 2021, impulsionados pela expectativa de um excesso de oferta.

Produção brasileira sob pressão

A região Centro-Sul do Brasil, responsável por cerca de 90% da produção nacional de açúcar, deve produzir 40,9 milhões de toneladas na próxima safra. Contudo, esse volume pode ser reduzido para 39,2 milhões de toneladas caso a produtividade continue decepcionando. A expectativa é que a região processe aproximadamente 593 milhões de toneladas de cana-de-açúcar — quase 5% a menos em relação ao ano anterior —, mas esse volume pode cair ainda mais, para 575 milhões de toneladas, especialmente em razão da seca registrada nos meses de abril e maio.

Apesar das adversidades, o Brasil tem mantido embarques regulares, operando como um “motor muito bem lubrificado”, conforme destacou Mauro Virgino, líder de inteligência comercial da Alvean. Esse desempenho logístico tem permitido aos países consumidores operarem com estoques reduzidos e estratégias baseadas no modelo “just-in-time”, o que, segundo Virgino, aumenta a vulnerabilidade a eventuais contratempos.

Recuperação asiática é fundamental para o equilíbrio global

A previsão da Alvean de um superávit global modesto está atrelada à expectativa de recuperação da oferta asiática. A Índia deve alcançar uma produção de 31 milhões de toneladas em 2025/2026, um avanço de 19% em relação ao ciclo anterior. Já a Tailândia tende a expandir sua produção para 11,1 milhões de toneladas, incremento de 1 milhão de toneladas.

Apesar dessas previsões otimistas, a Alvean chama atenção para os riscos climáticos na região. “Acho que as surpresas negativas podem vir da Ásia”, afirmou Virgino, ressaltando que há muitos fatores climáticos ainda indefinidos que podem impactar as safras.

Projeção de preços e impactos para o setor

Considerando um cenário de clima favorável na Ásia e uma produção brasileira robusta, a Alvean projeta que os preços do açúcar bruto permaneçam entre 17 e 20 centavos de dólar por libra-peso. Entretanto, qualquer interrupção relevante na oferta global poderá elevar essa faixa para entre 19 e 24 centavos.



Fonte: Bloomberg Línea

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