Em 2023, o setor de foodservice foi responsável por mais de 27% das vendas totais da indústria de alimentos, somando R$ 234,9 bilhões, um crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). Este aumento reflete a crescente demanda por soluções mais práticas, como produtos pré-processados — carnes cortadas, molhos semi-prontos, vegetais higienizados e fatiados — que facilitam o manuseio, diminuem o tempo de preparo e, consequentemente, ajudam a reduzir os custos com mão de obra para os clientes.
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Joicelena Fernandes, diretora de food service da Seara Alimentos, destaca que o setor vive um momento de oportunidades e desafios. “Nos últimos dois anos, ajustamos nosso portfólio para atender às necessidades do mercado. Contamos com uma equipe de chefs e pesquisadores para trazer inovações e soluções personalizadas para nossos clientes globais”, afirma. A Seara também investiu em novos produtos, como a linha de frango crocante e salsichas com maior rendimento, além de ter padronizado embalagens e produtos para otimizar os processos nas cozinhas.
A empresa possui 22 unidades de produção e 75 produtos exclusivos para o foodsservice, com 700 itens em total no Brasil. Fernandes destaca ainda o papel da indústria em apoiar o setor, fornecendo ferramentas que ajudem no desenvolvimento de soluções eficientes e sustentáveis.
Ricardo Marques, vice-presidente da Unilever Food Solutions América Latina, também reforça os desafios enfrentados pelas empresas do setor, especialmente em um mercado tão fragmentado como o brasileiro, onde 70% das operações de foodservice são independentes. Ele explica que, para atender às demandas do mercado, a Unilever tem investido em digitalização e no compartilhamento de conteúdo técnico para ajudar seus clientes a melhorar a eficiência na cozinha. “Nosso objetivo é oferecer a solução certa no momento certo para cada tipo de estabelecimento”, afirma.
Além disso, a Unilever lançou o relatório Menus do Futuro 2024, que aponta as tendências globais que estão moldando o setor, como a demanda por sabores inusitados, a integração de pratos à base de vegetais e a maximização de ingredientes para reduzir o desperdício de alimentos. A redução do desperdício é uma preocupação crescente, especialmente no Brasil, que é um dos países com maior desperdício de alimentos no mundo.
A Grano, uma das pioneiras no mercado de vegetais congelados no Brasil, também observa mudanças significativas nos hábitos de consumo. De 2021 para cá, houve um aumento de 25% na venda de seleta de legumes, enquanto os produtos ultraprocessados perderam espaço. “Além de adaptar nosso portfólio, é fundamental oferecer soluções padronizadas e de alta produtividade, que minimizem erros na cozinha”, explica Michele Funari, diretora comercial e de marketing da Grano.
Com 40% do mercado de vegetais congelados, a Grano também investe no apoio a agricultores familiares, oferecendo suporte técnico e garantindo contratos de compra anuais das safras. Em 2023, a empresa levantou R$ 70 milhões por meio de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA Social), mostrando seu compromisso com os produtores rurais.
O setor de foodservice segue em crescimento, impulsionado por novas demandas por praticidade, sustentabilidade e inovação, e as empresas da indústria de alimentos têm desempenhado um papel crucial em oferecer soluções que atendam a essas exigências de forma eficiente e econômica.
Publicada na Valor Econômico, adaptada Portal Foodbiz