Com a chegada da chinesa Meituan ao Brasil por meio da Keeta — sua marca de entregas — o setor de delivery ganha uma nova concorrente de peso, movimentando um mercado hoje dominado por iFood, Rappi e 99Food. A empresa promete montar uma rede com cem mil entregadores, pressionando as atuais líderes a melhorarem suas condições. O iFood anunciou novas taxas mínimas de entrega, e o Rappi aumentou os valores pagos aos entregadores nos fins de semana. Já a 99Food volta à ativa com incentivos agressivos, como pagamento mínimo garantido e isenção de taxas para restaurantes com entregadores próprios.

A movimentação tem impacto direto na vida de quem está nas ruas. Entregadores relatam desafios diários como insegurança, jornadas longas e baixa remuneração. Casos como o de Gabriel Dias, que sofreu um acidente durante uma entrega e não recebeu nenhum suporte, mostram a fragilidade da estrutura atual. Outros, como Amsterdan Sousa e Roberto Neves, veem com otimismo a chegada de novos concorrentes, esperando que isso traga mais dignidade, apoio e justiça nas relações com as plataformas.

Para Ingrid Devisate, vice-presidente do Instituto Foodservice Brasil, o delivery no país funciona como um shopping digital concentrado nas mãos de poucos. Ela aponta que a disputa entre plataformas se dá em três frentes: conquistar o consumidor, atrair restaurantes e reter entregadores — o grande desafio, segundo ela, é equilibrar os interesses desses públicos. Ingrid destaca ainda que o modelo brasileiro é marcado por informalidade e alta dependência das grandes plataformas, diferentemente de países como China, EUA ou Alemanha, que têm ecossistemas mais estruturados.

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