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Mercado de leite inicia 2025 com preços altos, produção e demanda

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O setor leiteiro brasileiro começou 2025 com uma combinação de alta nos preços ao produtor e crescimento na produção, mesmo diante de desafios relacionados ao consumo interno e à competitividade frente às importações. O cenário é influenciado por fatores climáticos, pela sazonalidade da oferta e por oscilações no custo de produção, segundo análise da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Produção em ritmo de recuperação

Após um desempenho instável ao longo de 2024, a produção de leite com inspeção oficial encerrou o ano com um crescimento de 3,1%, totalizando 25,4 bilhões de litros. O resultado foi impulsionado pela recuperação das pastagens, clima mais favorável e uma relação mais vantajosa entre o preço do leite e o custo da ração.

No início de 2024, o setor chegou a registrar avanço de 4,6%, mas enfrentou uma queda no terceiro trimestre devido a enchentes no Sul e à seca no Sudeste e Centro-Oeste. A retomada veio no último trimestre, com nova alta de 4,6% frente ao mesmo período de 2023. Já no primeiro trimestre de 2025, a captação preliminar indica crescimento de 3,1% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, embora tenha recuado 4,5% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

Preços em alta, mas com sinais de desaceleração

Os valores pagos ao produtor continuam em patamares elevados. A média nacional no primeiro trimestre de 2025, calculada pelo Cepea, foi de R$ 2,75 por litro — um aumento de 23% frente ao mesmo período do ano passado.

Minas Gerais, maior estado produtor, registrou alta de 29%, enquanto Goiás teve elevação de 18%. A diferença reflete o desempenho distinto entre as duas principais bacias leiteiras do país: enquanto Minas cresceu acima da média, Goiás permaneceu estável.

Apesar da tendência de alta, março já indicou uma desaceleração, com reajuste de apenas 2% frente a fevereiro. Em abril, o consumo mais retraído pressionou os preços no mercado spot.

Importações seguem elevadas e pressionam o setor

Mesmo com a menor oferta nacional de leite por conta da sazonalidade, as importações de lácteos continuam em níveis elevados. Entre janeiro e abril de 2025, o volume importado somou 750 milhões de litros em equivalente leite — praticamente o mesmo registrado no mesmo período de 2024.

Esse cenário impõe uma concorrência direta aos produtos nacionais, dificultando movimentos mais significativos de alta nos preços, mesmo com a forte disputa entre laticínios pela matéria-prima.

Custos tendem à estabilidade com alívio no preço do milho

Em março, a relação de troca entre leite e ração sofreu leve piora devido ao aumento do milho. A partir de abril, no entanto, houve alívio com a melhora nas perspectivas para a safrinha de milho, o que pode estabilizar os custos ao longo dos próximos meses.

Essa mudança beneficia principalmente os produtores mais tecnificados, que vêm ampliando a produção e se destacando em eficiência frente aos sistemas menos intensivos.

O que esperar dos próximos meses?

Para os produtores estruturados, a expectativa é de que as margens continuem positivas. Já os laticínios enfrentam o desafio de manter os preços competitivos diante de um cenário de inflação elevada e crescimento econômico modesto, o que limita o repasse ao consumidor final.

As últimas coletas semanais de mercado mostram uma acomodação nos preços dos derivados no atacado. Caso essa tendência se mantenha, pode haver impacto nas margens das indústrias, exigindo ainda mais atenção à gestão de custos e à dinâmica de mercado.



Fonte: Portal do Agronégocio

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