A recente disparada nos preços do café pode resultar em um aumento significativo nos custos para o consumidor nos próximos meses, afetando diretamente a demanda. Andrea Illy, presidente da renomada torrefadora italiana Illycaffè SpA, revelou ao portal Bloomberg que os preços no varejo podem subir entre 20% e 25% em um curto período de tempo.
A crescente preocupação com a oferta global de café tem sustentado os preços nas bolsas internacionais. Nos últimos 12 meses, as cotações futuras do café arábica registraram um aumento superior a 90%, atingindo novos recordes a cada sessão na bolsa de Nova York. Este aumento é o mais longo registrado desde a década de 1970, evidenciando uma pressão crescente sobre os preços.
O impacto dessa alta já pode ser observado nos principais mercados consumidores. De acordo com o portal Bloomberg, o aumento exorbitante dos preços tem prejudicado a demanda, especialmente nas economias emergentes, onde o crescimento do consumo de café estava em ascensão. No Vietnã, alguns compradores hesitam em fazer grandes pedidos devido aos preços elevados, enquanto na Indonésia, alguns torrefadores optam por grãos de qualidade inferior como alternativa.
Um relatório da Pine Agronegócios aponta que, apesar de haver sinais de “destruição” da demanda, a resiliência do mercado ainda é notável. Contudo, caso a alta dos preços se sustente, o impacto será inevitável para o consumidor final, e no Brasil, esse impacto pode ser ainda mais significativo.
O relatório aponta que o custo de reposição de estoques nos supermercados deverá gerar uma nova onda de aumento nos preços. Estima-se que a reposição de estoques adquiridos por R$ 45/kg passe a ser feita por R$ 60/kg, o que pode resultar em uma alta de 15% a 30% no preço final ao consumidor