As cervejarias da Europa estão em alerta diante de uma nova medida anunciada pelos Estados Unidos. Segundo matéria da revista Exame, baseada em informações do Financial Times, uma tarifa de 25% sobre a importação de cervejas para o mercado americano pode trazer sérias consequências para o setor — incluindo o risco de fechamento de fábricas e a perda de até 100 mil empregos no continente europeu.
O aumento da tarifa, anunciado pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, no chamado “dia da libertação”, pegou os produtores de surpresa. A medida afeta diretamente marcas como Heineken, Corona e outras grandes fabricantes, que veem nos EUA um mercado importante para suas exportações. Só em 2024, o valor das exportações europeias de cerveja para os EUA chegou a € 870 milhões, de acordo com dados da associação Brewers of Europe.
A principal dúvida agora é sobre o escopo da tarifa: ela vale para todas as cervejas ou apenas para aquelas envasadas em latas? A falta de clareza fez com que a Brewers of Europe, entidade que representa grandes grupos como AB InBev, Heineken, Molson Coors, Carlsberg e Asahi, pressionasse a Comissão Europeia para que atue diplomaticamente com os EUA e busque reduzir ou até reverter a medida.
“Estamos pedindo à Comissão Europeia que use todos os canais diplomáticos e, seja por meio de negociação ou retaliação, encontre uma maneira de reduzir essa tarifa da qual nos tornamos vítimas”, afirmou Julia Leferman, secretária-geral da entidade.
Além da preocupação com a cerveja em si, há outro ponto sensível: o alumínio. As tarifas dos EUA também afetam as importações de latas vazias e de cervejas envasadas em alumínio, o que agrava ainda mais o cenário para os produtores europeus.
Enquanto isso, analistas apontam que o impacto será diferente entre as marcas. A mexicana Corona, por exemplo, tem cerca de 85% de suas vendas voltadas para o mercado americano, o que torna a Constellation Brands — empresa responsável pela marca — especialmente vulnerável. Já a Heineken depende bem menos dos EUA, com apenas 3% de suas vendas indo para o país.
A situação ilustra bem como decisões comerciais entre grandes blocos econômicos podem ter efeitos profundos e imediatos na indústria e no mercado de trabalho — inclusive para algo tão global e popular quanto a cerveja.