Quando a Taybe Food chegou ao Brasil em 2020, poucos apostavam que a gastronomia árabe — até então restrita a restaurantes étnicos e festivais culturais — se tornaria uma das grandes protagonistas nas gôndolas e cardápios nacionais. Cinco anos depois, a realidade surpreende: o portfólio da marca saltou de 50 para 400 itens, a presença em pontos de venda passou de dezenas para 300 unidades, com meta de alcançar 600 até o fim de 2025.
Esse crescimento é reflexo de uma tendência maior. Segundo dados da Associação de Comércio Exterior Brasil-Líbano, o consumo de alimentos árabes no país triplicou na última década. De acordo com Joseph Abou Sleiman, CEO da Taybe Food Brasil, o consumidor brasileiro foi além da esfiha e do quibe. “Hoje, 30% dos nossos clientes não têm ascendência árabe. São jovens urbanos em busca de alimentação saudável, sabores exóticos e praticidade”, afirma.
Da autenticidade ao diferencial competitivo
Enquanto muitas marcas internacionais optam por adaptar produtos ao paladar local, a Taybe fez o caminho inverso: apostou na autenticidade. “Nosso hummus é igual ao consumido no Oriente Médio. O azeite é libanês, as tâmaras vêm da Arábia Saudita”, diz Sleiman. A estratégia vem rendendo frutos. Itens como folhas de uva prontas para consumo e berinjela recheada estão entre os mais vendidos, especialmente em capitais como São Paulo e Curitiba.
Degustações como virada de chave
A resistência inicial do varejo foi superada com uma estratégia simples e eficaz: a degustação. “Supermercados tinham receio de encalhe, mas ações com amostras grátis em redes como Pão de Açúcar e Carrefour mudaram esse cenário. Quando o consumidor prova, entende o valor”, relembra o executivo.
O interesse também foi impulsionado por grandes eventos e movimentos culturais. A Copa do Mundo do Catar, por exemplo, aumentou em 180% as buscas por “comida árabe” no Google durante o torneio. A Taybe aproveitou o momento para lançar kits temáticos, conectando a gastronomia à paixão nacional pelo futebol.
Cultura pop, chefs e novos mercados
Outro fator de visibilidade veio com o apoio do ator Kaysar Dadour como embaixador da marca. “Celebridades ajudam, mas o produto precisa se sustentar. Nosso diferencial é não usar conservantes — algo raro em alimentos importados”, reforça Sleiman. Esse compromisso com a qualidade atraiu até chefs de outras tradições culinárias, como a francesa e a italiana, que passaram a incorporar produtos árabes em pratos fusion.
Desafios logísticos e expansão regional
Por trás do sucesso, a Taybe enfrenta os entraves típicos da cadeia de alimentos importados. A burocracia alfandegária pode reter contêineres por até 40 dias. Para mitigar riscos, a empresa mantém um estoque de seis meses em um centro logístico em São Paulo. A distribuição também exige adaptações regionais. “No Nordeste, precisamos ajustar as embalagens para suportar o calor”, explica o CEO.
Parcerias com distribuidores locais têm sido chave na expansão. Um exemplo é o acordo com a Rede Mix, em Recife, para abastecimento de lojas de bairro. “Queremos estar a 30 minutos do consumidor, seja em um empório de Brasília ou num mercado no interior da Bahia”, afirma Sleiman.
Muito além da comida: identidade e conexão
Com olhos no futuro, a Taybe planeja ir além da alimentação. “Queremos ser uma referência de cultura árabe no Brasil. A comida é só o começo. O que vendemos é identidade”, finaliza o CEO. Com um mercado aberto à experimentação e cada vez mais atento à diversidade de sabores, o Brasil se consolida como uma das maiores vitrines para a culinária árabe fora do Oriente Médio — atrás apenas dos Estados Unidos.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Super Varejo