Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, não há, em outras cidades brasileiras, padarias como as de São Paulo. As tradicionais “padocas” fazem parte da identidade cultural da capital paulista. São espaços acolhedores que funcionam como ponto de encontro, ambiente de convivência e lazer. E a oferta vai muito além dos pães: os produtos atendem desde o consumo cotidiano até ocasiões festivas.
Algumas padarias têm mais de cem anos, outras abriram recentemente, mas todas compartilham o mesmo espírito — o de oferecer um lugar onde as pessoas possam tomar um café, conversar, saborear um pão na chapa ou mesmo almoçar. Essa relação é tão particular que as padarias paulistanas passaram a ser consideradas candidatas a patrimônio cultural imaterial da cidade, ao lado do virado à paulista e do hip-hop.
De acordo com o levantamento apresentado ao Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) pela Fundação Bunge e pela Sampapão (entidade que representa a indústria de panificação e confeitaria da cidade), São Paulo possui cerca de seis mil padarias que produzem, juntas, 18 milhões de pães diariamente, consumindo 545 toneladas de farinha por dia. A pesquisa mostra ainda que metade dessas padarias tem mais de 50 anos, e um terço delas, mais de 70.
A tradição familiar é outro aspecto que reforça a candidatura: cerca de 80% das padarias são administradas pela mesma família desde a sua fundação, em alguns casos já na quarta geração. Essa continuidade fortalece a identidade e a fidelidade dos clientes, além de manter um padrão elevado de qualidade. A maioria desses negócios foi iniciada por imigrantes portugueses, italianos e espanhóis.
Ainda segundo a matéria da Folha, padarias como a Santa Tereza (1872), Italianinha (1896), 14 de Julho (1897) e Carillo (1912) ilustram como esses estabelecimentos acompanharam o crescimento da cidade. Muitas funcionam 24 horas por dia e assumem múltiplas funções: são locais para café da manhã, almoço, reuniões e até trabalho.
Se o projeto for aprovado pelo DPH, a proposta da Fundação Bunge é criar um circuito cultural com exposições temporárias, destacando a importância histórica, social e afetiva dessas padarias na vida dos paulistanos.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Folha de São – Vicente Vilardaga