A captação de leite pelos 17 maiores laticínios do Brasil somou 10,8 bilhões de litros em 2024, uma alta modesta de 0,7% em comparação ao ano anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), divulgado em matéria do Globo Rural.
Enquanto isso, o crescimento do setor como um todo foi mais expressivo. De acordo com a pesquisa trimestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que compila dados de 1.927 laticínios com algum tipo de inspeção, a captação total aumentou 3,1% no ano passado, alcançando 25,4 bilhões de litros.
“A produção em 2024 aumentou e o ranking mostra que, individualmente, houve crescimento e melhora na produtividade dos produtores mais estruturados”, destacou Geraldo Borges, presidente da Abraleite. Para 2025, a projeção é de estabilidade, embora o crescimento das importações ainda gere preocupação.
Segundo a Abraleite, considerando tanto a produção industrial quanto a artesanal, o volume total de leite no país chegou a 35,4 bilhões de litros, um avanço de aproximadamente 3%. O consumo também cresceu, o que sustentou os preços pagos aos produtores, resultando em um ganho real médio de 1,9% — com o litro pago a R$ 2,6362, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
No ranking das empresas, a Lactalis Brasil liderou a captação com 2,7 bilhões de litros em 2024, aumento de 1,3% frente a 2023. Patrick Sauvageot, presidente da Lactalis Brasil, afirmou que o setor poderia ter crescido mais, mas as importações continuam pressionando o mercado. Em 2024, o Brasil importou 2,3 bilhões de litros de leite — um aumento de 5% em relação ao ano anterior, segundo o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite). Em 2025, os primeiros meses já mostram variações: queda de 2,18% em janeiro e alta de 16,7% em fevereiro, sempre na comparação com os mesmos meses de 2024.
Sauvageot disse ainda que a estratégia da empresa é reforçar a competitividade com contratos de longo prazo com cooperativas e produtores, e prevê um leve crescimento da oferta de leite para este ano.
A pesquisa contou com o retorno da Lactalis Brasil após seis anos. No total, 17 empresas e cooperativas participaram do ranking, enquanto nomes como Italac, Alvoar Lácteos, Vigor (Lala), Laticínios Damare, Cooperativa Santa Clara e Tirol ficaram de fora.
O segundo lugar ficou com o grupo Piracanjuba (anteriormente listado como Laticínios Bela Vista), com 1,9 bilhão de litros captados — alta de 9,5% em relação a 2023. Em terceiro lugar apareceu a Unium, intercooperação entre Frísia, Castrolanda e Capal, com 1,4 bilhão de litros, mas com queda de 2,6%.
A Nestlé ficou em quarto, com captação de 1 bilhão de litros, ligeira alta de 0,4%. Já a Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), fornecedora da Lactalis, registrou queda de 4,9%, totalizando 854 milhões de litros.
O maior avanço no ano foi da Centroleite, que captou 269,8 milhões de litros, alta de 15,2%, seguida pela Tirolez, com 305,3 milhões de litros e crescimento de 11,7%. Já as quedas mais significativas foram da Frimesa (6,2%) e CCPR (4,9%). Marcel de Barros, CEO da Tirolez, credita os bons resultados aos investimentos em inovação, ampliação da capacidade produtiva — com uma nova fábrica em Caxambu do Sul (SC) — e melhoria na execução comercial. Para 2025, a meta da empresa é repetir o desempenho de crescimento de dois dígitos.
Ainda segundo a Abraleite, a captação junto a produtores parceiros subiu 2% no ano passado, totalizando 9,4 bilhões de litros. Entretanto, o número de propriedades fornecedoras caiu 2,9%, para 48,7 mil unidades. A produção média por propriedade cresceu 6,5%, atingindo 541 litros por dia.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Globo Rural