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Bactéria do Solo brasileira pode transformar resíduos em Biocombustíveis

@planetapospandemia

Pesquisadores brasileiros fizeram uma descoberta inovadora que pode revolucionar a forma como lidamos com resíduos agrícolas. Durante estudos realizados em cultivos de cana-de-açúcar, cientistas identificaram uma bactéria com um potencial incrível para a produção de biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas. A bactéria Candidatus Telluricellulosum braziliensis, pertencente ao grupo UBP4 (filo bacteriano não cultivado 4), produz uma enzima chamada CelOCE, capaz de quebrar a celulose dos resíduos agrícolas e transformá-los em matéria-prima para diversos produtos, como combustíveis, papéis e tecidos.

A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), liderada pelo pesquisador Mario Tyago Murakami. Ele explica que a pesquisa se concentrou na chamada “matéria escura” dos genes de microrganismos que habitam solos cobertos por resíduos de cana-de-açúcar, revelando um grande potencial para a biotransformação da celulose. “A matéria escura do DNA pode ser a chave para a descoberta de novas enzimas e processos biológicos, especialmente em microrganismos que ainda não podem ser cultivados em laboratório”, afirmou Murakami.

O estudo revela que essa descoberta pode abrir portas para novas formas de transformar resíduos agrícolas em biocombustíveis de maneira mais eficiente e sustentável. A enzima CelOCE, produzida pela Candidatus Telluricellulosum braziliensis, utiliza cobre em sua estrutura para catalisar a quebra das moléculas de celulose. Segundo o professor Antonio José da Costa Filho, da Universidade de São Paulo (USP), a presença de metais nas enzimas indica sua importância para o processo de catálise, essencial para a atividade enzimática.

Utilizando a técnica de Ressonância Paramagnética Eletrônica, a equipe do professor Costa Filho identificou a presença do íon de cobre e analisou as mudanças em seu arranjo molecular, essenciais para a função catalítica da enzima CelOCE. Esses estudos ajudaram a entender como a enzima pode ser aproveitada para transformar a celulose de resíduos agrícolas em matéria-prima para produtos sustentáveis.

A pesquisa, publicada na prestigiada revista Nature Portfolio, foi realizada em colaboração com várias instituições renomadas, como a Universidade de São Paulo, o CNPEM, a Aix-Marseille University, o CNRS (França) e a DTU – Technical University of Denmark. Esse avanço científico coloca o Brasil na vanguarda da biotecnologia e reforça o papel da pesquisa no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a indústria agrícola e de biocombustíveis.

Com esse tipo de inovação, o Brasil se posiciona como líder na transformação de resíduos agrícolas em bioprodutos, contribuindo para uma economia de baixo carbono e impulsionando iniciativas de sustentabilidade global. A descoberta não só pode ajudar a reduzir o impacto ambiental dos resíduos, mas também abrir novas oportunidades para o setor de biocombustíveis e outros mercados de produtos sustentáveis.

Fonte: Ciclo Vivo / Jornal da USP

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