Pesquisadores do Instituto de Macromoléculas (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fizeram um avanço significativo no campo da sustentabilidade ao desenvolver um bioplástico biodegradável feito a partir de alimentos funcionais, como chia e linhaça. A novidade visa substituir as embalagens plásticas convencionais e, além disso, prolongar a vida útil dos alimentos.
Inovação no Setor de Embalagens
A nova embalagem sustentável é elaborada com compostos bioativos extraídos de alimentos funcionais, incluindo linhaça, alho, pimenta e chia. O processo de extração desses compostos é realizado sem o uso de solventes prejudiciais ao meio ambiente, priorizando solventes sustentáveis, como água, soluções ácidas com ácido cítrico ou álcool 70%.
Maria Inês Tavares, coordenadora do projeto, explica que a ideia surgiu com o intuito de aproveitar os benefícios dos bioativos para a saúde humana: “Por que não utilizá-los para embalagens alimentícias, mantendo sua biodegradabilidade?”, questiona.
Sustentabilidade e Funcionalidade em uma só Embalagem
A escolha das matérias-primas também foi estratégica, priorizando materiais que não competem com alimentos básicos da dieta humana e optando por folhas e frutos de rápido crescimento. O grupo de pesquisadores acredita que esta descoberta possa se tornar uma solução relevante para substituir as embalagens plásticas tradicionais e ter diversas aplicações em setores como alimentação, saúde e até agricultura.
Benefícios do Bioplástico Sustentável
O bioplástico produzido incorpora compostos bioativos a uma matriz polimérica biodegradável, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além de ser uma alternativa mais sustentável, a embalagem confere propriedades antioxidantes aos alimentos, protegendo-os e aumentando sua durabilidade.
Com um tempo de decomposição de apenas seis meses, essa embalagem biodegradável não gera resíduos de microplásticos. Além disso, seu impacto positivo na preservação dos alimentos é notável. “A embalagem aumentou o tempo de prateleira dos alimentos testados em torno de 16 dias fora da refrigeração e 14 dias na geladeira. Ela oferece resistência de barreira semelhante aos plásticos tradicionais, mas se decompõe em aproximadamente 180 dias em condições ambientais favoráveis, como compostagem”, comenta Mariana Alves, integrante da equipe de pesquisa.
Uma Solução Ecológica para a Poluição Plástica
O processo de decomposição em sistema de compostagem é eficiente, com o material perdendo 90% de sua massa e sendo consumido por microorganismos presentes no solo e na água, o que oferece uma solução ecológica para a poluição causada pelos plásticos convencionais.
O bioplástico está em processo de patenteamento junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). “Estamos prontos para apoiar a escalabilidade do projeto e levar essa solução sustentável para o cotidiano dos consumidores”, conclui Maria Inês.