Durante o evento Think With Google, realizado em São Paulo, a empresa compartilhou números impressionantes sobre sua ferramenta mais conhecida: a Busca. Pela primeira vez em quase uma década, o Google revelou o volume total de pesquisas feitas em sua plataforma em um ano: nada menos que 5 trilhões em 2024. Isso equivale a uma média de 158,5 mil buscas por segundo, ou cerca de 9,5 milhões por minuto. E um dado curioso: 15% dessas buscas são inéditas, ou seja, nunca haviam sido feitas antes.
O anúncio marca um salto expressivo em relação aos dados divulgados em 2016, quando o total era de 2 trilhões de buscas anuais. Mesmo com o crescimento de outras plataformas, a Busca continua sendo o carro-chefe do Google, respondendo por mais da metade da receita da Alphabet, empresa controladora da gigante de tecnologia.
Mudança de hábitos e o impacto da Geração Z
Nos últimos anos, o domínio do Google como buscador principal tem sido desafiado por mudanças no comportamento dos usuários, especialmente entre os mais jovens. Pesquisas de institutos como YPulse e Pew Research mostram que o público de 18 a 24 anos tem preferido usar redes sociais como o TikTok para encontrar produtos, lugares e conteúdos — driblando os buscadores tradicionais.
Apesar disso, o Google garante que continua forte entre os jovens. “A Geração Z é a que mais faz buscas, mais até do que outras faixas etárias”, afirmou Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, durante o evento. Segundo ele, o comportamento dos usuários evoluiu, mas a plataforma tem se adaptado com recursos visuais e inteligência artificial.
Busca além do texto: imagens, vídeos e IA
Uma das grandes apostas do Google para acompanhar essas mudanças é a integração de novas formas de busca, como comandos por voz, imagens e IA generativa. Ferramentas como o Google Lens, que permite fazer buscas com a câmera do celular, já registram mais de 20 bilhões de pesquisas por mês. Outra novidade é o recurso “circular para pesquisar”, que permite selecionar partes da tela com um gesto simples para iniciar uma busca contextual.
Além disso, o Google lançou o Overviews, recurso com inteligência artificial generativa que já é usado por 1 bilhão de pessoas todos os meses. Ele exibe respostas diretamente no topo dos resultados com base em uma análise feita por IA.
O futuro: busca mais contextual e personalizada
Segundo Gustavo Cruz, diretor de Produtos Publicitários do Google, as buscas estão mais específicas do que nunca. Há dez anos, era comum digitar apenas uma palavra. Hoje, as pesquisas são mais longas, feitas por voz, com imagens e com muito mais contexto.
O Google também está testando o projeto Astra, que promete transformar o celular em um verdadeiro assistente pessoal. A ideia é usar IA generativa, visão computacional e compreensão em tempo real para oferecer respostas enquanto o usuário filma algo — tornando a experiência de busca ainda mais natural e imediata.
Nova jornada do consumidor
Durante o evento, o Google apresentou ainda um estudo do Boston Consulting Group (BCG), que revela uma mudança na forma como as pessoas consomem: a jornada do consumidor não é mais linear. Em vez de seguir o caminho tradicional de reconhecimento, consideração e compra, tudo acontece ao mesmo tempo, em múltiplos canais.
Para explicar esse novo comportamento, o Google resumiu a experiência digital em quatro verbos: streaming (assistir), scrolling (navegar), searching (buscar) e shopping (comprar). Tudo isso, muitas vezes, acontece em um único fluxo de interação online.
Inteligência artificial como questão estratégica
Na reta final do evento, Fabio Coelho destacou que a inteligência artificial ultrapassou o campo da inovação tecnológica e entrou de vez no debate geopolítico. “É preciso ousadia e responsabilidade. O Brasil não pode se limitar a apenas consumir o que é feito fora”, afirmou o executivo.
Essa visão reforça a importância de não apenas acompanhar as inovações tecnológicas, mas também desenvolver soluções locais e formar profissionais capazes de criar, adaptar e transformar.
