Por muitos anos, os licores estiveram associados a momentos específicos — digestivos após refeições ou usados em pequenas quantidades em drinques sofisticados. Esse cenário, no entanto, está mudando rapidamente. Com novas tendências de consumo e maior inserção em ocasiões mais informais, os licores ganham protagonismo entre as bebidas alcoólicas e conquistam especialmente o público jovem.
Segundo Valéria Cristina Natal, CEO da Stock, o consumo de licores no Brasil tem crescido de forma expressiva, impulsionado por mudanças de comportamento. “Hoje vemos um forte apelo sensorial — texturas aveludadas e cremosidade intensa — que atrai consumidores em busca de experiências de sabor diferenciadas. Os licores deixaram de ser apenas um detalhe em coquetéis e passaram a ser consumidos puros, em doses geladas, especialmente os cremosos”, destaca.
O novo papel dos licores na socialização
A atualização das ocasiões de consumo foi essencial para essa expansão. Lucas Rocha, CEO da Don Luiz, reforça que a categoria evoluiu e hoje está mais presente em bares, restaurantes, eventos e até no consumo doméstico. “Deixamos para trás a imagem de bebida digestiva e entramos em novos contextos, como shots em festas e consumo casual com amigos. A presença em ambientes de socialização trouxe uma nova dinâmica à categoria”, afirma.
Esse movimento vem acompanhado por um consumo mais consciente. “O consumidor atual busca qualidade, não necessariamente quantidade. Os licores têm se destacado como uma alternativa acessível, sofisticada e com personalidade”, diz Rocha.
Lançamentos e inovações impulsionam o mercado
Para atender a esse novo público, marcas como a Stock e a Don Luiz investiram em portfólios diversificados. A Stock, por exemplo, conta com duas linhas: a tradicional, com destaque para o premiado Licor de Café, e a Stock Gold, composta por 10 sabores cremosos — entre eles o de Doce de Leite, que caiu no gosto do consumidor brasileiro. Já a Don Luiz projeta um crescimento de 70% em 2025, com expectativa de atingir 8% de market share no segmento.
Entre os importados, o Licor 43 se destaca como líder no mercado brasileiro. Segundo Marcelo Negraes, gerente de marketing da Aurora Fine Brands, o sucesso da marca tem puxado o rejuvenescimento da categoria. “Além do Licor 43, temos o Fireball — licor de uísque com canela, muito popular em shots — e o Villa Massa Limoncello, impulsionado pela onda do Limoncello Spritz, tendência que chegou ao Brasil após explodir na Europa.”
Supermercados e varejo como canais estratégicos
O varejo tem sido um dos pilares para a expansão dos licores. Durante a pandemia, o consumo doméstico cresceu e incentivou a compra desses produtos nos supermercados. Esse hábito permaneceu mesmo com a reabertura dos bares e restaurantes. “Hoje, o supermercado é o principal canal da Don Luiz, onde temos o maior volume de vendas e somos líderes em algumas regiões”, conta Lucas Rocha.
A Stock também reforça a importância dos pontos de venda estratégicos. “O segmento de licores cremosos cresceu cerca de 25% em 2024 e deve crescer mais 10% em 2025. Esse avanço está ligado à nossa presença no varejo, à ampliação dos canais de distribuição e à diversidade de sabores que atraem novos públicos”, afirma Valéria Natal.
Perspectivas de crescimento
Embora os licores ainda representem apenas 2,3% do volume total de destilados vendidos no Brasil, segundo levantamento da Scantech, o potencial de crescimento é evidente. A estabilidade da categoria entre março de 2024 e março de 2025 mostra que há espaço para expansão e inovação — especialmente com o fortalecimento da presença nos pontos de venda, o lançamento de novos sabores e o engajamento de novos consumidores.
A tendência é clara: os licores deixaram de ser coadjuvantes para se tornarem protagonistas. Com sabor, versatilidade e um novo apelo visual e sensorial, a categoria promete continuar crescendo, surpreendendo e ganhando espaço nas gôndolas e nos copos dos brasileiros.
Fonte: Supervarejo