Até o início de 2019, a Ambev levava em média um ano entre a concepção e o desenvolvimento de um produto. Com investimento em inovação, reforçado com a aquisição da empresa de tecnologia HBSIS, em fevereiro daquele ano, o tempo caiu para quatro meses.
A HBSIS, de Blumenau (SC), prestava serviços de tecnologia da informação à Ambev há mais de duas décadas. “Há pouco mais de um ano, começamos um trabalho profundo de fazer mais inovações”, disse Jean Jereissati Neto, presidente da Ambev à Época Negócios. “Sinto que hoje estamos rejuvenescendo, e um exemplo é a nossa participação de mercado na cesta de produtos lançados nos últimos três anos: ela é maior do que nossa participação total no Brasil.”
Com a aquisição da HBSIS, a Ambev agregou a inteligência de mais de 600 desenvolvedores e engenheiros. A companhia pretende ter em seus quadros, até o final de 2020, mais de 1,5 mil especialistas em tecnologia, entre desenvolvedores, arquitetos de sistemas e cientistas de dados. Já havia ocorrido um salto produtivo considerável, segundo Jereissati, com a inauguração, em 2018, do CIT (Centro de Inovação e Tecnologia Cervejeira), no Parque Tecnológico, no Rio de Janeiro, um investimento de R$ 180 milhões. O CIT ocupa uma área superior a 15 mil m² e oferece estrutura para criação de bebidas, embalagens e rótulos. Em 2019, saíram dali 114 novidades.
Além disso, nos últimos dois anos a companhia, segundo Jereissati, aumentou a relação com o “ecossistema de startups” — há conexões com mais de 13 mil delas, em todos os estados brasileiros e em alguns países. “Só em 2019, foram 250 negócios com startups, o dobro da soma dos cinco anos anteriores.”
No total, a Ambev opera uma rede de 33 cervejarias no Brasil, seis centros de excelência — onde ficam os times mais estratégicos, como inovação e tecnologia —, mais de cem centros de distribuição direta e um número superior a cem rótulos de cervejas, refrigerantes e outras bebidas. E está em pelo menos 1 milhão de pontos de venda. Levar inovação a essa rede faz todo o sentido no atual momento.
Tudo isso só pode ser feito com boa gestão de pessoas — a Ambev é campeã no quesito. “Passamos por mudanças, tornamos a empresa mais humana, colaborativa, transparente e inovadora, em ambiente mais ágil, diverso e autêntico”, diz Jereissati. O resultado, segundo ele, pôde ser visto na pandemia. Por iniciativas em ambiente aberto, informal, sem barreiras, foi possível produzir e doar 1,2 milhão de garrafas de álcool em gel, construir cem leitos para tratamento da covid-19, além de produzir, a partir de garrafas PET, 3 milhões de máscaras para profissionais de saúde.
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